quarta-feira, 12 de junho de 2024

 

O HOMEM E SUA ALMA

                      Francisco Miguel de Moura*

 

Na terra, no ar, nos rios e oceanos,

caminheiros que somos, na verdade,

poucos vão ao fundo e não se afogam.

Haverá paz nas dobras do mar brabo,

no pleno do finito ou na rosa dos ventos,

com ares fumarentos e a dor oxidante?

O ar fumega em campo seco e duro,

mata a florida aurora, todas as manhãs

e até a noite, sem o brilho das estrelas.

Os rios que corriam murmurando águas

de cristais para dessedentar os bichos

sumiram como os homens, em silêncio...

A alma perdida - o ser humano em guerras

fraticidas, por nada, à força desumana

quebrada em átomos desgarrados, tontos,

contra a natureza. Mãos sutis, malvadas,

semeiam guerra e morte sem palavra. Só

corpos jazendo ali, tão nulos de suporte.

Como salvar-se, em guerra embrutecida,

de irmãos contra irmãos, aos gritos de terror? 

Finda-se o homem e a Natureza é morta.  

                   ----------------------                      

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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