O HOMEM E SUA ALMA
Francisco Miguel de Moura*
Na terra, no ar, nos rios e oceanos,
caminheiros que somos, na verdade,
poucos vão ao fundo e não se afogam.
Haverá paz nas dobras do mar brabo,
no pleno do finito ou na rosa dos ventos,
com ares fumarentos e a dor oxidante?
O ar fumega em campo seco e duro,
mata a florida aurora, todas as manhãs
e até a noite, sem o brilho das estrelas.
Os rios que corriam murmurando águas
de cristais para dessedentar os bichos
sumiram como os homens, em silêncio...
A alma perdida - o ser humano em guerras
fraticidas, por nada, à força desumana
quebrada em átomos desgarrados, tontos,
contra a natureza. Mãos sutis, malvadas,
semeiam guerra e morte sem palavra. Só
corpos jazendo ali, tão nulos de suporte.
Como salvar-se, em guerra embrutecida,
de irmãos contra irmãos, aos gritos de terror?
Finda-se o homem e a Natureza é morta.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta
brasileiro.
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