quinta-feira, 2 de novembro de 2023

 

PEDRAS E LÁGRIMAS

         


   Francisco Miguel de Moura*


A casa onde eu nasci já não existe,

Só vi pedras e pedras no lugar

E, ao lado, a sombra do menino triste,

Caçador de motivos para amar.

 

Amar o que está morto, amar o nada,

Amar o que se ergueu depois ruiu,

Sem pernas pra tamanha caminhada,

Sem forças pra falar nem dar um pio.

 

Espectro do desgosto impressentido,  

Do espaço-tempo em solidão ferido,

Saudade estéril! Que saudade medras?!

 

A casa onde nasci não mais existe

E a dor acumulada não resiste

Às lágrimas fendidas pelas pedras.

________________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.


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