“
Ribamar Garcia, autor de Caminho dos Ventos
CAMINHO DOS VENTOS” - UM
BELO ROMANCE-
Francisco Miguel de Moura*
Acabo de ler “Caminho dos Ventos”, o mais
novo romance de José Ribamar Garcia, que sai agora, pela Líteris Editora, Rio
de Janeiro-RJ, 2022, do qual gostei muito e fiz muitas anotações que,
infelizmente, não cabem neste pequeno artigo. Ribamar Garcia é piauiense de
nascimento, mas muito cedo mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou-se em
Direito, e hoje está entre os melhores advogados do Brasil. Como escritor, iniciou
escrevendo saborosas crônicas onde demonstra sua infância e personagem de sua
vivência. Mas, nos livros seguintes, contos ou romances, se universaliza, assim
é neste “Caminho dos Ventos” como em “Filhos da Mãe Gentil”.
Digo isto pela observação, em leituras seguidas, que ele foi adquirindo um
jeito muito pessoal, moderno, atualizado, de escrever mais ou menos à maneira
que certamente adquiriu na vivência carioca. Nas suas crônicas já se note isto.
No romance, também, faz um estilo sucinto de dizer muito com clareza e em
frases bem apuradas. Eu, que venho acompanhando
a vida e a obra deste notável escritor misto de piauiense e carioca, li de cabo
a rabo, todo seu novo romance, e me vejo numa situação mais equilibrada de
contestar os críticos que dizem que o romance está morrendo.
Não, o romance não está morrendo, prova é este que agora
apresento, do escritor José Ribamar Garcia. “Caminho dos Ventos”
é um romance perfeitamente legível por qualquer letrada e nele encontrará, pela
clareza e concisão do texto, vida e paixão, dois sentimentos necessários a
qualquer obra romanesca. “Caminho
dos Ventos” tem como pano de fundo a Amazônia brasileira do tempo de
ouro da borracha., com personagens vibrantes como Alberto Nasser e sua família,
amigos como Luca Barros e filhos como o Jurandir e o Sebastião, assim como a mãe
de seus filhos, a índia Jaciara, entre muitos outros viventes quais como
benzedeiras e padres, mais políticos sem-vergonha como o Bernardo Sobral e
outros. Sim, daqueles políticos que enriqueceram desonestamente, sendo causa da
queda da riqueza da Amazônia, pois venderam a semente da seringueira por pouco
mais ou nada, para o exterior e empobreceram aos poucos uma região tão rica,
trocando por outras plantas para produzir frutos inferiores, venderam o ouro ao
exterior, porque não tiveram pulso para desenvolver como deviam o Brasil para
os brasileiros. Políticos que proliferam lá ainda na região amazônica tanto quanto
cá no nordeste, daqueles que só pensam em enriquecer-se a si mesmo, suas
famílias e seus apadrinhados, pouco importando o povo em nome de quem tanto
falam.
Mas esta é a parte menor do romance, falando-se
artisticamente, pois que na verdade, o romance que tem como pano de fundo a
exploração da borracha na Amazônia, logo toma fôlego com o seu personagem
principal Alberto Nasser e o seu valoroso trabalho de homem sério, vencendo as
enormes adversidades do meio, e se torna um excelente pai de família e homem de
ilibada conduta. Da mesma forma são a maioria dos personagens de “Caminho
dos Ventos”, que vivem entre as cidades Marabá, Ouromonte (nome
inventado pelo autor) e Letícia, com seu crescimento e seu declínio pelas
causas já apontadas.
Os mais abalizados críticos literários dizem que há dois
tipos de romances, os que procuram mostrar a realidade com predominância do
panorama exterior, ou seja, a paisagem, a terra e a sociedade, e o romance de “personas”
(os chamados romances psicológicos). Ribamar Garcia abarca as duas facetas: a
linha de fundo da Amazônia e os fortes personagens já apontados, em meio a
tantos outros que não se contam para a história romanesca, aqueles que são
apenas figurantes, nome que se aplica aos de filmes que não têm papel
preponderante na história. Deste ponto de vista, podemos considerar “Caminho
dos Ventos”, como um romance completo.
No
final, há uma parte romântica, ou seja, o reencontro de Jurandir, num momento
decisivo de sua vida, com sua Marinete. Por isto e pela rica variedade da
história, eu proponho que, se fosse visto pelas empresas de cinema e televisão,
“Caminho dos Ventos” poderia ser veiculado por novelas e filmes. Mas isto é outra história, pois nossos meios
de comunicação não têm apetite pelas coisas que edificam e enobrecem, mas dão
asas às novelas de invenção triviais e perigosas para o bom caminho da educação
social.
José
Ribamar Garcia, espero que seu romance tenha a felicidade de encontrar ainda
algum leitor de boa índole e apaixonado por boa leitura, visto que este mundão exagerado da internet, através
dos chamados meios de comunicação
social, as pessoas são encharcadas diariamente pela mídia perversa, onde mais do
que quatro linhas ou cinco palavras são exageros
para a leitura ou para o ouvido comum.
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*Francisco Miguel de
Moura, poeta, romancista e crítico literário brasileiro.
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