A GUERRA DENTRO DE MIM
Francisco Miguel de Moura
De mim em mim, caí no sumidouro,
o mundo se entornando de visões.
Temor, terror, a dor atravessando
o peito, e como o rato rói que rói...
Os cabelos do corpo viram socos,
um trem seco, vaivém que não avança
estridulando apitos do sem-fim.
Mundo de feras, ferro, forno a arder
dos pés para a cabeça, em fundo poço,
até ao feroz, atro desmantelamento.
É ver tremerem céus e terra e ar.
Amargurado, entre mil mortos, eu...
Tempo fundido em "fumaceiro" e fogo
E sobre a terra, a luz do sol não vem
e as estrelas se caindo... Precipícios
entre mensagens seminais de amor.
Quando a guerra parar, entre milhões
de mortos e eu,
sozinho vivo,
desvairado, sem braços, pernas, boca,
dentes, entre surdos, cegos, retorcidos,
quem nos dirá, sem medo, eu quero a paz?
Teresina-PI,
30.03.2022
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