quinta-feira, 31 de março de 2022

 


A GUERRA DENTRO DE MIM 

            Francisco Miguel de Moura

De mim em mim, caí no sumidouro,

o mundo se entornando de visões.

Temor, terror, a dor atravessando

o peito, e como o rato rói que rói...

Os cabelos do corpo viram socos,

um trem seco, vaivém que não avança

estridulando apitos do sem-fim.

Mundo de feras, ferro, forno a arder

dos pés para a cabeça, em fundo poço,

até ao feroz, atro desmantelamento.

É ver tremerem céus e terra e ar.

Amargurado, entre mil mortos, eu...

Tempo fundido em "fumaceiro" e fogo

E sobre a terra, a luz do sol não vem

e as estrelas se caindo... Precipícios

entre mensagens seminais de amor.

Quando a guerra parar, entre milhões

 de mortos e eu, sozinho vivo,

desvairado, sem braços, pernas, boca,

dentes, entre surdos, cegos, retorcidos,

quem nos dirá, sem medo, eu quero a paz?

                           Teresina-PI,  30.03.2022

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