quarta-feira, 12 de agosto de 2020

 SONETOS  SER MÃE e SER PAI - Coelho Neto/FRANCISCO MIGUELDE MOURA


          Somente nesta manhã tive a folga necessária e a lembrança mais ainda de enviar-lhe a paródia "Ser Pai", depois de um belo dia dos pais, junto com os filhos e netos, uns em presença online, outros apenas por telefone, e por ultimo, a que mora comigo, a qual tratamos por Mecinha. Não citei minha mulher, D. Mécia, em primeiro lugar, que sempre me acompanha nos dias felizes quantos nas horas de tristeza ou doença.
Mas, como disse Jesus, os   últimos serão os primeiros., aqui também nesta citação.  

 Mas, como disse Jesus, os que os  últimos serão os primeiros.      

Primeiro, vai o soneto “Mãe”, do fecundo poeta Coelho Neto, que ao falecer já havia publicado 100 obras. Maior do que ele, na literatura brasileira, em fecundidade, somente o nosso querido Assis Brasil que já anda perto das 200 obras publicadas em diversos gêneros, exceto em poesia.

          A particularidade de Coelho Neto é que ele só publicou, ou deixou publicar, um poemas, que o inolvidável soneto “SER MÃE”. Outra particularidade: É que ele, quando esteve no Piauí, fez uma palestra no Teatro 4 de Setembro, e ao fim da palestra denominou nossa Capital, Teresina, de “Cidade Verde”.  

 

 SER MÃE

Coelho Neto(1864 – 1934)*


Ser mãe é desdobrar fibra por fibra

O coração, ser mãe é ter no alheio

Lábio que suga, o pedestal do seio,

Onde a vida, onde o amor, cantando vibra.

 

Ser mãe é ser um anjo que se libra

Sobre um berço dormindo, é ser anseio,

É ser temeridade, é ser receio,

É ser força que os lares equilibra.

 

Todo bem que a mãe goza é bem do filho,

Espelho em que se mira afortunada,

Luz que lhe põe nos olhos novo brilho.

 

Ser mãe é andar chorando num sorriso,

Ser mãe é ter um mundo e não ter nada,

Ser mãe é padecer num paraíso!

 

_________________

*Coelho Neto, nome literário de  Henrique Maximiano Coelho Neto, nascido em Caxias-MA e faleceu no Rio de Janeiro. Filho de índia e português, escritor prolífico (cronista, contista, romancista, folclorista, crítico de teatro). Orador e político, ocupou vários cargos de importância na República, pois era abolicionista. Agitador nos meios universitários (São Paulo, Recife, Rio). Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Num discurso inflamado no Teatro 4 de Setembro, em Teresina, chamou nossa Capital de “Cidade Verde”. Poeta de um só soneto, mas admirável e popularíssimo.  


SER PAI  (Paródia)

          Francisco Miguel de Moura

SER PAI

 (Paródia ao soneto “Ser mãe”, de Coelho Neto)

 

Ser pai é ganhar mais, libra por libra,

Para que o filho não se torne alheio,

Nem precise ir embora do seu meio,

Da família, onde a infância se equilibra.

 

Ser pai é sofrer só... Filho nem liga

De pai ficar em casa a noite inteira,

Se tem mãe que lhe vele à cabeceira,

Por isso o pai, coitado já nem briga.

 

E assim desce ao boteco e perde o brilho,

Embora lhe acompanhe um amor capaz

De voltar logo e aconchegar o filho.

 

Ser pai é se zangar quando está liso,

Ser pai é sofrer muito e ser capaz

De sorrir, padecendo o prejuízo.

 

                           Francisco Miguel de Moura

                                    

                                      Teresina, 25/02/2012

 

OBSERVAÇÕES:
            Sem o belo soneto de Coelho Neto, o meu SER PAI” não existiria, por que é uma paródia. Significa que sem a mãe, não haveria o pai. Ambos são constantes da “Antologia: Poemas e Poetas Mais Amados”, de minha organização, já editada pela Academia Piauiense de Letras, e ainda não publicada, onde o conterrâneo está presente com dois poemas, que, embora curtos, são bem expressivos de sua boa poesia em todos os seus livros.

 

 

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