sexta-feira, 15 de novembro de 2019

PERMANÊNCIA NULA - Poema de FMM


Francisco Miguel de Moura*







Pressinto, como nunca, os sulcos do minuto,
seguindo a ventania a entrar pelos ouvidos
da alma... Embora ventos fortes me sacudam
no tórrido calor da noite que se abate.

Como, então, chegar ao equilíbrio, quando
entra o verão pelas varandas do meu corpo?

Sem transporte nem litígio de vida e memória,
quero o mar para ouvir seu marulho arenoso
                     sobre os pés...
 E me vejo em sacolejos sem demão.

Na minha cegueira de querer eterno movimento
do possível, quando tudo é impulsivo e impossível,
quando tudo me leva para os aceiros nulos, nulus,
sem planta, nem caminho, nem roça, nem fruto,
sucumbo nesta concha tão antiga, antiga gruta
de palavras de ninguém, somente este vazio escuto.
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*Francisco Miguel de Moura, proprietário do blog, mora em Teresina, PI. Grande escritor, segundo dizem seus amigos: poeta, romancista, contista, cronista e crítico literário, ganhador de vários prêmios nos gêneros acima, desde o Rio Grande do Sul, passando por Minas e Rio de Janeiro, sem falar nos recebidos no Nordeste.

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