domingo, 18 de agosto de 2019

PEDRO E A PEDRA DA FÉ




*José Maria Vasconcelos, cronista


         A vontade que me dá é de voltar a Israel, pela terceira vez, não me esgotar das  emoções vividas. Não se trata de aventura turística, mas de pregrinação. Caminhar sobre um solo rico de montes, campos agrícolas de ponta, templos. Pedras e rochas que testemunham a presença divina, anjos e demônios, patriarcas e profetas, Jesus Cristo, morte e ressurreição.
         Pedra e rocha, duas metáforas presentes nos salmos, discursos de Jesus. O Mestre inquiriu a seus discípulos: “O que dizem por aí quem eu sou?” Responderam alguns: “Uns dizem que és João Batista; outros, que é profeta Elias...” Pedro adiantou: “Tu és o Cristo, o Messias, filho de Deus”. Jesus concluiu: “Bem aventurado és tu, porque não foi de ti que partiu essa afirmação, mas de meu Pai... Por isso, tu, Simão Barjonas, és Pedro e sobre esta PEDRA edificarei a minha Igreja”. E Simão virou Pedro, e não chefe.
         Evangélicos tentam negar a autoridade de Pedro e dos papas (PEDRO APÓSTOLO, PRÍNCIPE DOS APÓSTOLOS) na Igreja. A PEDRA não é PEDRO, mas Jesus, como aparece em várias passagens dos evangelhos. A fé na PEDRA/CRISTO vem por um dom de Deus. Em vários evangelhos, Jesus compara-se à PEDRA ou à ROCHA. O próprio Pedro, em vários momentos, identifica Jesus como PEDRA ANGULAR rejeitada pelos adversários.
         “A única autoridade é Jesus Cristo”, dizem os evangélicos, e com muita razão. Jesus Cristo, porém, autorizou Pedro para cuidar na aglutinação do seu rebanho. A chefia de Pedro, apesar de suas fragilidades humanas, mas ungido pelo Espírito Santo no  Pentecostes. Às margens do Mar da Galileia, já ressuscitado, Jesus perguntou-lhe, três vezes: “Pedro, tu me amas?” Três vezes, o sim de Pedro e três vezes a confirmação de Cristo: “Apascenta (chefia) as minhas ovelhas”.  Como chefe da Igreja, colocou em votação o discípulo Matias, em substituição a Judas Iscariotes.  Discursava em nome da Igreja. Nas assembleias das primeiras comunidades cristãs, Pedro apresentava-se como chefe – segundo os ATOS DOS APÓSTOLOS. Também realizava visitas pastorais.
         A Igreja primitiva não se caracterizava como Igreja Católica, denominação que surgiu depois do imperador Constantino, três séculos mais tarde. A partir dali, a Igreja das populações sofridas e martirizadas começou a receber apoio dos imperadores, principalmente em dinheiro, territórios, autoridade e pompas imperiais. Aí me lembram aqueles versos e música de Vinícius de Morais: “Você que só ganha pra juntar/O que é que há, diz pra mim, o que é que há?/Você vai ver um dia/Em que fria você vai entrar”. E a Igreja entrou, cometeu montão de condutas pouco ou nada evangélicas, causando rupturas profundas no rebanho, consequentemente na criação de igrejas, hoje em mais de duas mil. Quase sempre pela idolatria ao dinheiro, faustos e poder.
         Se me deixasse levar pelos escândalos que já vi, não passaria nem em frente a templos. Porque nem Cristo se safou de ladrões e traidores. Até tu, Pedro, O traíste? Não desisto de estar inserido no rebanho em que fui batizado. Quanto a retornar a Israel...
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* José Maria Vasconcelos, escritor, jornalista, ele me autorizou a publicação desta matéria. email:josemaria001@hotmail.com

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