domingo, 21 de julho de 2019

JOSÉ SOLON DE SOUSA: “PÉROLAS DA MINHA TERRA”

  Francisco Miguel de Moura*


          Sinto-me muito honrado e feliz por convidar-me novamente para prefaciar sua mais recente obra, este “Pérolas da Minha Terra”, livro misto de poesias e crônicas sobre sua vida e testemunhando um pouco da história de Jaicós, esta cidade tão antiga e importante que, no entanto, é esquecida das glórias passadas, uma delas a de ter sediado a primeiro escola superior, em nosso Piauí.
          Mesmo que fôssemos ligar para origem da palavra “Prefácio” que quer dizer “feito antes”, este prefácio não seria difícil para mim, haja vista que, com o tempo, os prefácios vêm dando conta de como e o que vale a obra, tornando-se muito úteis e necessários.
          Só não precisa de prefácio quem é orgulhoso de mais, feito pavão. Meus livros sempre tiveram prefácios: eles auxiliam o leitor a tomar conhecimento antecipado da obra que vai ler. Além do mais, os leitores querem saber do sentido, da forma e do valor da obra antes de iniciar sua leitura. E é disto que dá conta o prefaciador.
          Os escritores têm sua originalidade e assim estabelecem as regras – ou seja o criador tem muita liberdade para criar e recriar o belo, a arte. Nessa ordem geral está inscrito Solon, autor de “Pérolas da Minha Terra”. Não vejamos o prefácio como crítica: os críticos vêm depois. Prefácios são feitos por amigos. Ninguém seria capaz de solicitar tal expediente a um inimigo. Este prefaciador se declara amigo especial do Autor. Pois é, antes de falar sobre o livro, algumas palavras sobre meu amigo José Solon de Sousa: Amigo que não foi pego em arapuca: nossa amizade aconteceu por conta da poesia e, depois, pelo seu caráter, generosidade, paixão pelas coisas boas e belas da vida.
           José Solon de Sousa usa sua liberdade de criar poemas e crônicas quando produziu estas “Pérolas da Minha Terra”, uma joia de literatura para a cidade de Jaicós e para além. Ele domina muito bem o idioma em “Pérolas da Minha Terra”. Solon é um médico de fama, com consultoria em Picos, mas nunca deixa sua terra por nenhuma outra, mora em Jaicós, interior do Piauí. Incentivador pertinaz da cultura local, para tanto criou o “Centro Comercial Cultural Alaíde Reis”, em Jaicós, cujo nome homenageia sua querida mãe,  vem prestando precioso benefício sócio-cultural.
          A regra ditada pelo Prof. Arimathéa Tito Filho, nobre e culto presidente da Academia Piauiense de Letras, era esta: quando algum médico se candidatava a uma cadeira na APL: “Os médicos, de modo geral, escrevem bem”. E é nesta regra que se inscreve nosso amigo José Solon de Soua.  Como poeta ele tem demonstrado grande capacidade de improvisação, enquanto outros ficam lambendo palavras, ele segue em frente, conseguindo a sua estranha forma de poetar, escolhendo sempre temas da maior importância para a realidade local e do país, quase sempre com bom humor.
          Eis que se ergue do verso e vai até a forma narrativa, extraindo dos costumes e modos dos jaicoenses, curtas e belas narrativas em “Pérolas da Minha Terra”. Nisto tudo também está a singularidade de livro: a poesia entranhada na crônica e vive-versa. No mesmo tom, ele nos mostra 43 pequenas narrativas de tipos e/ou personalidade de sua terra, tão importantes – boa parte deles, senão todos – para a construção de uma futura história de Jaicós.  
          Vou transcrever o pedacinho de uma delas, como para o leitor tomar gosto: “Expedito Barbosa: Magro, alto, simpático, recebia a todos com um sorriso acolhedor. Homem inquieto, estava sempre procurando o que fazer. Essa era a sua lida: mecânico e colecionador de ferro velho. Um homem acolhedor – lá estava ele entretido em achar aquela peça solicitada pelos fregueses...”
          São de leitura agradável suas crônicas poéticas e seus poemas-crônica. Creio que no final da leitura, todos vão concordar comigo, pois José Solon de Sousa usa de muito bom humor, reafirmo, tanto na crítica quanto nos versos curtos  quando na poesia. É um livro totalmente diferente dos seus anteriores, especialmente no conteúdo.
          Estou feliz por ser jaicoense de batismo, como disse. E assim, irmão e conterrâneo seu, pois vejo Solon no caminho certo da literatura, com vida e arte. Assim como já é na música, onde sua presença é louvável e querida.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, mora em Teresina, Piauí, Brasil E-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com
                               

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