segunda-feira, 6 de maio de 2019

POEMAS E POETAS MAIS AMADOS -EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA - Francisco Miguel de Moura


             Francisco Miguel de Moura*
                          (Crítico, organizador e participante)


                                     Antologia
                  Poemas e POETAS MAIS AMADOS
                            (ENSAIOS, pOESIAS e biobibliografias)
                                     

                                      Edições Cirandinha
                                                2019
               

                                  EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
          
           Creio que esta é uma obra incomum, embora que, pelo título, pareça o contrário. É uma “Antologia dos Poemas e Poetas mais Amados”, abrangendo autores do Brasil, Portugal, Espanha, Galícia e de mais alguns de outras línguas e países, acompanhados das respectivas traduções.           Certamente construí-la não foi tão fácil. Trabalhei durante cerca de dez ano escolhendo e lendo livros de poemas e antologias, jornais e revistas possíveis, em minhas condições de tempo espaço, e consgui reunir 171 poetas, cada um com seu poema, exceto os mais célebres, pois de justiça estes ganharam mais de um texto.
          Quando se pretende escolher, entre inúmeros poetas do mundo, os mais amados e os melhores poemas, parece ser uma tarefa impossível, pois sempre  haverá alguém apontando: Por que você não se lembrou de poetas tais e tais?
           Não foi uma questão de esquecimento. O espaço exige escolhas. Essas escolhas sempre recaem em algum poeta do gosto do organizador da antologia. Se se pode dizer que, no lado da poesia, o campo é quase infinito, de outro lado, o tamanho do espaço seria como esticar um estilingue indefinidamente. A experiência nos diz que se chegará a um ponto em que a liga se parte. Assim, toda antologia tem que ser incompleta.
          Sei, sim, que vão ficar perguntando coisas impossíveis. E mais: Por que eu me dispus a fazer um livro que, possivelmente, vai encontrar grandes dificuldades para publicação e distribuição? Quem iria ter tempo de ler tamanha obra, se hoje as leituras se restringem praticamente ao que sai na internet?
           Não sei, só sei que nós, poetas e críticos, continuamos a acreditar no que escreveu um sábio pensador francês, citado por Michel Piquemal, “a poesia é a água de nossa segunda sede”.
          Por isto conto, resumidamente, o meu trabalho, as condições iniciais  e como insisti em continuar até o fim. Primeiramente, era apenas uma seleção de sonetos. Essa forma poética abrange muitos séculos de domínio entre os arcaicos, clássicos, árcades, parnasianos, simbolistas, modernos e moderníssimos, como é o caso do concretismo, que não chegou a ser uma escola, como afirma a escritora carioca Rejane Machado, “parecendo mais uma brincadeira de quem não tem o que fazer”.
          Embora eu não seja um talentoso declamador, um artista do palco, na minha mocidade escolar gostava de recitar poemas, principalmente sonetos, cujo recital se esticaria até as festas escolares e, depois, aos bares e a outras reuniões onde encontrasse quem me quisesse me ouvir.
          Assim, comecei a escolha dos melhores, ao lembrar e relembrar esses sonetos e tendo o cuidado de verificar, na fonte, a exatidão do texto de cada um. Depois, interessei-me por mais e mais outros, alguns totalmente esquisitos, procurando-os por toda parte, inclusive em conversas com poetas amigos, aos quais sou muito grato. E aí a internet também muito me ajudou, foi ótimo.
          Mas, se antologias de sonetos já havia tantas, e boas, por quê esta? A que mais me ofereceu textos foi a de “Os 100 Melhores Sonetos Clássicos da Língua Portuguesa”, organizada por Miguel Sanches Neto, onde se encontra a frase interessante e crítica de Lêdo Ivo, que, por não ser um sonetista contumaz, se explica: “Não se faz um soneto; ele acontece”. E como acontece no mundo da poesia!
          Possuindo, há muitos anos, outra obra, em três volumes, denominada “Antologia da Poesia Brasileira”, em papel bíblia, organizada por Alexandre Pinheiro Torres, completei o meu estudo sobre poesia e, especificamente, sobre o soneto. Elas formaram minha base. Mas compulsei muitas e muitas outras antologias locais, gerais, de gerações e de movimentos literárias, incluindo-se aí as obras completas de Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Castro Alves, Edgard Alan Poe e mais poetas e poemas. Enfim, encontrei, em avulso, poemas polêmicos sobre a autoria, poemas interessantes do ponto vista apenas formal e poemas outros que se tonaram famosos como “Orgulhosa” e “No Caminho com Maiakovski”.
          Mas, de ponta a ponta, o nosso trabalho se viu permanentemente voltado para os que precisam ter bons textos à mão, num só volume, com a biografia e principais obras dos autores, de forma que construímos – assim acredito – uma obra didática, para professores e alunos de todos os graus, atingindo, inclusive, o labor universitário. E não só o lavor, com a alegria das leituras mais agradáveis e amenas da literatura.
          Atingirá leitores de todas as faixas de idade?  Penso que sim. E como é bom, em tempo tão escabroso como o que atravessa este séc. XXI! Que tenhamos à mão o alívio e a distensão que a arte literária oferece para a saúde do corpo e do espírito.
          Lembramos, ainda, que por serem os artistas, os poetas e escritores capazes de se anteporem a todas as outras classes de intelectuais, por meio de seu trabalho em busca do espírito, recriando-se para poder suportar as dores do mundo, muitas vezes são menosprezados, odiados e até perseguidos. É bom que não se dê muita importância a isto, pois sobreviverão a tudo e a todos, eternizados por suas obras.  Também, certamente, é muito difícil encontrar não somente tantos bons poemas juntos, quantas biobliografias tão movimentadas, vivas, de forma  que o leitor reconheça as especificidades de cada autor,  através de leitura cuidadosa do texto desse ou daquele poeta de sua preferência, de seu gosto.
          Sim, além dos poemas e das biobibliografias, juntamos dois textos sobre o que é poesia e como fazer poesia: O primeiro é o texto integral de  uma conferência que realizei no Dia da Poesia, no auditório do Museu Histórico do Piauí, patrocinada pelo Conselho Estadual de Cultura, referindo-me especificamente a Castro Alves, cuja data de nascimento serve para patrocinar e celebrar o Dia da Poesia, no Brasil.  O segundo foi preparado para anexar ao texto geral desta Antologia, que julgamos ser de proveito para os poetas iniciantes, quiçá de muitos outros. Vale lembrar aqui, por isto, uma mensagem aos que começam o namoro com a poesia, uma célebre frase de Aristóteles, na obra “Arte Poética”: “Não compete ao poeta narrar exatamente o que conhece ou aconteceu; mas sim o que poderia ter acontecido, segundo a verossimilhança ou a necessidade”.
          Assim, consciente de que o livro em papel e tinta não está morto e sepultado, no mundo, seja pequeno ou grande, seja  mais sábio ou menos sábio, pois que a sensibilidade artística ainda existe - aqui me entrego aos que virão salvar esta obra, convocando-os a provarem do vinho gostoso que lhes ofereço, com todo o sabor de velhice, mas também com todo o vigor de mocidade.
__________________ 
*Francisco Miguel de Moura - Licenciado em Letras e Literatura pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado pela Universidade Federal da Bahia, em Crítica de Artes.                                            
Começo aqui, com este prefácio denominado "Explicação Necessária, a publicação do livro "Poemas e Poetas mais Amados - Antologia, Crítica e Biobibligrafia

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...