Francisco
Miguel de Moura*
(Crítico,
organizador e participante)
Antologia
Poemas
e POETAS MAIS AMADOS
(ENSAIOS, pOESIAS e biobibliografias)
Edições
Cirandinha
2019
EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
Creio que esta é uma obra incomum, embora
que, pelo título, pareça o contrário. É uma “Antologia dos Poemas e Poetas
mais Amados”, abrangendo autores do Brasil, Portugal, Espanha, Galícia e de
mais alguns de outras línguas e países, acompanhados das respectivas traduções.
Certamente construí-la não foi tão
fácil. Trabalhei durante cerca de dez ano escolhendo e lendo livros de poemas e
antologias, jornais e revistas possíveis, em minhas condições de tempo espaço,
e consgui reunir 171 poetas, cada um com seu poema, exceto os mais célebres,
pois de justiça estes ganharam mais de um texto.
Quando
se pretende escolher, entre inúmeros poetas do mundo, os mais amados e os melhores
poemas, parece ser uma tarefa impossível, pois sempre haverá alguém apontando: Por que você não se
lembrou de poetas tais e tais?
Não foi uma questão de esquecimento. O espaço
exige escolhas. Essas escolhas sempre recaem em algum poeta do gosto do
organizador da antologia. Se se pode dizer que, no lado da poesia, o campo é quase
infinito, de outro lado, o tamanho do espaço seria como esticar um estilingue
indefinidamente. A experiência nos diz que se chegará a um ponto em que a liga
se parte. Assim, toda antologia tem que ser incompleta.
Sei,
sim, que vão ficar perguntando coisas impossíveis. E mais: Por que eu me dispus
a fazer um livro que, possivelmente, vai encontrar grandes dificuldades para
publicação e distribuição? Quem iria ter tempo de ler tamanha obra, se hoje as
leituras se restringem praticamente ao que sai na internet?
Não sei, só sei que nós, poetas e críticos,
continuamos a acreditar no que escreveu um sábio pensador francês, citado por
Michel Piquemal, “a poesia é a água de
nossa segunda sede”.
Por
isto conto, resumidamente, o meu trabalho, as condições iniciais e como insisti em continuar até o fim.
Primeiramente, era apenas uma seleção de sonetos. Essa forma poética abrange
muitos séculos de domínio entre os arcaicos, clássicos, árcades, parnasianos,
simbolistas, modernos e moderníssimos, como é o caso do concretismo, que não
chegou a ser uma escola, como afirma a escritora carioca Rejane Machado, “parecendo
mais uma brincadeira de quem não tem o que fazer”.
Embora
eu não seja um talentoso declamador, um artista do palco, na minha mocidade
escolar gostava de recitar poemas, principalmente sonetos, cujo recital se
esticaria até as festas escolares e, depois, aos bares e a outras reuniões onde
encontrasse quem me quisesse me ouvir.
Assim,
comecei a escolha dos melhores, ao lembrar e relembrar esses sonetos e tendo o
cuidado de verificar, na fonte, a exatidão do texto de cada um. Depois, interessei-me
por mais e mais outros, alguns totalmente esquisitos, procurando-os por toda
parte, inclusive em conversas com poetas amigos, aos quais sou muito grato. E
aí a internet também muito me ajudou, foi ótimo.
Mas,
se antologias de sonetos já havia tantas, e boas, por quê esta? A que mais me ofereceu
textos foi a de “Os 100 Melhores Sonetos Clássicos da Língua Portuguesa”,
organizada por Miguel Sanches Neto, onde se encontra a frase interessante e crítica
de Lêdo Ivo, que, por não ser um sonetista contumaz, se explica: “Não se faz um
soneto; ele acontece”. E como acontece no mundo da poesia!
Possuindo,
há muitos anos, outra obra, em três volumes, denominada “Antologia da Poesia Brasileira”, em papel bíblia, organizada por Alexandre Pinheiro Torres,
completei o meu estudo sobre poesia e, especificamente, sobre o soneto. Elas
formaram minha base. Mas compulsei muitas e muitas outras antologias locais,
gerais, de gerações e de movimentos literárias, incluindo-se aí as obras
completas de Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, Carlos Drummond
de Andrade, Manoel Bandeira, Castro Alves, Edgard Alan Poe e mais poetas e
poemas. Enfim, encontrei, em avulso, poemas polêmicos sobre a autoria, poemas
interessantes do ponto vista apenas formal e poemas outros que se tonaram
famosos como “Orgulhosa” e “No Caminho com Maiakovski”.
Mas,
de ponta a ponta, o nosso trabalho se viu permanentemente voltado para os que
precisam ter bons textos à mão, num só volume, com a biografia e principais
obras dos autores, de forma que construímos – assim acredito – uma obra
didática, para professores e alunos de todos os graus, atingindo, inclusive, o
labor universitário. E não só o lavor, com a alegria das leituras mais
agradáveis e amenas da literatura.
Atingirá
leitores de todas as faixas de idade? Penso que sim. E como é bom, em tempo tão
escabroso como o que atravessa este séc. XXI! Que tenhamos à mão o alívio e a
distensão que a arte literária oferece para a saúde do corpo e do espírito.
Lembramos,
ainda, que por serem os artistas, os poetas e escritores capazes de se anteporem
a todas as outras classes de intelectuais, por meio de seu trabalho em busca do
espírito, recriando-se para poder suportar as dores do mundo, muitas vezes são
menosprezados, odiados e até perseguidos. É bom que não se dê muita importância
a isto, pois sobreviverão a tudo e a todos, eternizados por suas obras. Também, certamente, é muito difícil encontrar
não somente tantos bons poemas juntos, quantas biobliografias tão movimentadas,
vivas, de forma que o leitor reconheça
as especificidades de cada autor, através
de leitura cuidadosa do texto desse ou daquele poeta de sua preferência, de seu
gosto.
Sim,
além dos poemas e das biobibliografias, juntamos dois textos sobre o que é poesia
e como fazer poesia: O primeiro é o texto integral de uma conferência que realizei no Dia da Poesia, no auditório do Museu
Histórico do Piauí, patrocinada pelo Conselho Estadual de Cultura, referindo-me
especificamente a Castro Alves, cuja data de nascimento serve para patrocinar e
celebrar o Dia da Poesia, no Brasil.
O segundo foi preparado para anexar ao
texto geral desta Antologia, que julgamos ser de proveito para os poetas
iniciantes, quiçá de muitos outros. Vale lembrar aqui, por isto, uma mensagem
aos que começam o namoro com a poesia, uma célebre frase de Aristóteles, na obra
“Arte Poética”: “Não compete ao poeta
narrar exatamente o que conhece ou aconteceu; mas sim o que poderia ter
acontecido, segundo a verossimilhança ou a necessidade”.
Assim,
consciente de que o livro em papel e tinta não está morto e sepultado, no mundo,
seja pequeno ou grande, seja mais sábio
ou menos sábio, pois que a sensibilidade artística ainda existe - aqui me
entrego aos que virão salvar esta obra, convocando-os a provarem do vinho gostoso
que lhes ofereço, com todo o sabor de velhice, mas também com todo o vigor de
mocidade.
*Francisco Miguel de Moura - Licenciado em
Letras e Literatura pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado pela Universidade Federal da Bahia, em
Crítica de Artes.
Começo aqui, com este prefácio denominado "Explicação Necessária, a publicação do livro "Poemas e Poetas mais Amados - Antologia, Crítica e Biobibligrafia
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