quarta-feira, 17 de abril de 2019

AMAR É PRECISO - francisco miguel de moura


 Francisco Miguel de Moura
(Homenagem a Rosidelma Fraga)

És quase nada, amor, nadando em ondas
de altas, fortes, tempestuosas luas.
Mas como irei nadar, sem buços,
nem entre abraços para apertar
o acolhimento do eu com o tudo?

Não reclamar, com risos e feitiços
amar é transitivo e intransitivo, é tudo.
Quem ama é devorado e noutro se segura,
se demora... Ai, ai! E então se lhe afigura
ao que dizem: “Que loucura é esta!’...

No amor se morre e chora e vive
nu, no ar, ou vestido, no mar.
na praia, sem palma ou ruflo de asas.

Amar é abstração que nos fuzila
felizes, infelizes, como quem
descora ou desfalece, frente à fantasia
de um fantasma.

Amar, este mistério cobre a terra,
o tempo, os céus, o mar e nuvens rasas,
transpondo barreiras, trovoadas, luares,
em versos que se torcem (e me mordem)
em tudo que nos faz repor o esgar.

Se amar é preciso, por que se reclamar?
Nem quando o amor se vai pra não voltar,
nem quando meus amores, à romance,
voltam, em sonho, e piso nos seus cacos
de luz, ferindo os calcanhares da alma.
                         
                                      Teresina, PI, 15. abr. 2019
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*Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador, mora em Teresina, Piauí, e-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com

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