Francisco Miguel de Moura Chico Miguel)*
(franciscomigueldemoura.blogspot.com)
Não se trata de namorados, nem de namoradas: é uma
crônica da vida: das boas surpresas, depois das más. E assim foi. Como é a vida: cheia de encontros e
desencontros! Mas também tem seus encantos e desencantos.
Esta meditação me veio de depois que
me encontrei pessoalmente (olha aí o pleonasmo necessário!) com um já amigo de
letras, por correspondência e por telefone. Ele vinha acompanhado de sua
esposa, ou seja, eu e Mécia, minha esposa e secretária, com o escritor,
historiador e jornalista Firmino Libório Leal e sua esposa, Dª. Rosângela
Mattioli Leal, casal residente em Conquista (MG), em passeio de férias pelo
Piauí. Firmino é autor de um dos mais importantes livros sobre a região de
Picos, denominado “Vozes da Ribeira”, editado em 2008, no Piauí – obra
importantíssima na minha organização de “Minha História de Picos”,
colaborando comigo numa entrevista referente aos anos 1950/1970. O agradável
encontro aconteceu no “Shopping Riverside”, quando acabávamos de almoçar. Ele
me reconheceu (naturalmente já conhecia de foto) e falou pelo nome, dizendo-me
assim: - “Chico Miguel, o maior poeta do Piauí!”
A alegria foi grande, vimo-la
estampada no rosto. No que, acredito, eu tenha também estampado no meu, em
conjunto com a surpresa. Na ocasião, eu repliquei: “Esta história de grande é
você que diz, coisa de mídia, que eu não sei se já cheguei lá”. E sem modéstia,
completei: “Eu acredito que sou um dos grandes poetas de nossa terra, isto
sim”.
Não chegamos a nos sentar para uma
conversa mais longa, mas foi o suficiente para encher-nos de orgulho por tão
grande amizade. Ficou de visitar-nos, levando endereço e telefone, para receber
mais livros e mais conversas sobre literatura e arte, eis que estas coisas não
faltam a nenhum escritor que se preze.
Agora passamos à parte cruel da
crônica – escrevi-a para ver se esqueço tudo. Sou muito sensível como os poetas
são. Sentado, almoçando, num restaurante inaugurado recentemente, eu nem tinha
pensado. Minha mulher, que tem o sexto sentido, advertiu: “Fulano chegou e sentou-se,
não veio falar com a gente”. Ele é político, por isto deveria ser mais polido,
pois não acredito que ele não o tenha reconhecido. Elas por elas: saímos
silenciosamente sem a saudação que ele nos devia, desde o dia que o
entrevistamos em sua cidade, quando era Prefeito.
Fiquei remoendo o caso, até que me
explodiu a vontade de escrever esta crônica, celebrando o desencontro. E também
o nosso desencanto. Que lição maior eu poderia tirar desses acontecimentos?
A primeira: que os políticos não são
tão bem vistos pelas pessoas, especialmente neste momento em que os
acontecimentos nos indicam uma virada para melhorar o Brasil. Pelo menos é isto
que a maioria dos brasileiros (e piauienses) esperam.
A segunda: que os escritores são
muito mais úteis e reconhecidos pela população do que a maioria dos políticos,
vistos apenas como distribuidores de benesses aos que neles votaram (ou dizem
que votaram).
O escritor, o poeta, os historiadores
são para sempre; os políticos são apenas do presente, embora algumas vezes
fiquem gravados na placa de uma rua, de um prédio ou de uma ponte (que a ferrugem
comerá em pouco tempo). Mas, o que fizeram, se fizeram bem, quem gravará são os
escritores. Eu gravei o nome daquele político na placa do meu livro “Minha
História de Picos”, que ficará muitos e muitos anos, pois o que escrevo
não é somente para os leitores de agora, mas para muito tempo... Cem anos,
duzentos? Não importa, o que importa é serem reconhecidos no futuro, muito mais
que os políticos com sua empáfia, seu orgulho tolo.
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*Francisco Miguel de Moura (Chico Miguel), poeta e prosador, mora em Teresina, Capital do Estado do Piauí.
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