NÓS
Guilherme de Almeida (1890 -
1969)*
Fico – deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- “Que é feito dela?” – indagarão - coitados?
E os amigos dirão: - “Que é feito dela?”
Parte! E se olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!
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*Guilherme de Almeida é o 4º Príncipe dos Poetas Brasileiros, eleito em 1959, de pois de Aldemar Tavares. Grande lírico paulista. Membro da Academia Brasileira de Letras.
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