terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A FLOR, AS FLORES

Francisco Miguel de Moura*

Face em ângulos e triângulos,
ocultas, não cansa de mostrar-se,
encantada em curvas de espírito e luz.

Por que, enfim, nasceu pétalas,
entrâncias e reentrâncias,
lagos, luas, protuberâncias,
se o futuro está distante?

Sóis iluminam suas formas:
pistilos, talos e raízes.
Cada raio de sol dá força
tão estranha e incomum!
Dia avante, passo-mágico,
mais estrelas para a noite
vertical. Vem plácido o dia.

Cabelos d’ouro ou de carmim,
do preto até um branco sem fim.
Perfume abelhudo, vôo-borboleta,
tudo esplende entre você e mim.
Uma cicia a outra, conversando:
Você já sentiu alguma dor?
Jamais! Nem quando nasci.

Ai, dores dos mortais de carne e osso,
areia e pedra e vento e ar! Nada podemos
do presente, só olhar. O futuro está em nós.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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