N Não
vou escrever aqui uma crítica ao livro “Imagem
do Sol Poente”,
de Homero Castelo Branco, nem uma biografia do autor. Conheço Homero
desde o tempo em que eu e o O. G. Rego de Carvalho morávamos na Rua
13 de Maio, no quarteirão correspondente ao Colégio Estadual do
Piauí (mais conhecido por Liceu Piauiense), enquanto ele frequentava
a casa de seu tio Geraldo Castelo Branco, conhecido por Geraldão, o
dono da Loteria Estadual, cuja residência era vizinha à minha.
Aliás, o próprio Homero escreveu que chegou em Teresina, em
janeiro de 1968.
Depois no período de 1975 a
1979, elegeu-se Deputado Federal. Do fim do séc. XX ao começo do
novo século – 1996 a 2007 novamente voltar a ocupar uma cadeira na
Assembleia Legislativa. Teve uma atuação política tranquila, de
acordo com a sua personalidade de homem que sempre positivamente vê
a vida, os parentes, amigos e conhecidos. De família tradicional,
muitos já ocuparam uma cadeira na Academia de Letras, ele ia devagar
e sempre escrevendo seus artigos e publicando livro sobre a história
da vida e das pessoas de Amarante, PI, onde nasceu aos 3 de abril de
1944. Estudou e formou-se em Economia pela Universidade Federal do
Ceará. Escreveu outros livros, entre os quais “O Escritor”, uma
espécie de romance bem diferente, mas no mesmo estilo memorialístico
Mas
Homero Castelo Branco nunca quis fazer praça de escritor, o que fez
são memórias ou quase memórias, como este que estamos
registrando, muito gostoso de ler. Dizer gostoso é pouco: muito bem
escrito e apoiado na memória de sua vida – a maior parte nesta
“Cidade Verde”, que acaba de completar 165 anos. Ele, o
acadêmico e escritor, preparou o livro, entre outras coisas
importantes como a festa para reunir a família, os parentes e os
amigos, em chegando os 72 anos, uma idade ainda viva para escrever e
oferecer tão bem. É preciso que se veja a forma e o conteúdo,
donde se tira a sinceridade, de como ele oferece o livro, avaliando
pelo exemplar que me enviou em nome dele e de sua mulher, Dona Hilma
Castelo Branco: “Amigos
Mécia e Chico Miguel, com carinho e admiração” - oferta escrita
à mão, ao alto de uma declaração que é um exemplo de cortesia e
bondade e finesse:
Há
pessoa que coleciona carro antigo, livro, caneta, relógio, vinho,
obra de arte… Eu coleciono amigo e quero que você faça parte
desta minha seleta coleção. Afetuoso abraço – Homero Castelo
Branco. Out. 2016”.
Dá
gosto ler “Imagem
do sol poente”. Notei
que a leitura desse livro é um exercício muito bom para o coração,
para a saúde tanto de quem escreveu quanto dos seus leitores. Não
serão muitos, por enquanto, pois como ele confessa não é escritor
profissional e o fez foi para oferecer aos amigos, que por serem
tantos, torna-se muito difícil distribuí-lo sem uma ajuda da mídia
– coisa que ele não fez e tudo indica que não vai fazer.
No livro não há página
melhor, todos os capítulos são ótimos, cheios de ensinamentos
filosóficos sobre a vida humana especialmente da fase da madureza
para a velhice. Ensinamentos sobre a vida de quem está vivendo, de
quem viveu e de quem espera viver muito mais, pois é uma obra
positiva, quer no conjunto, quer nas partes, quer no conteúdo quer
no estilo. É realmente a maturidade do intelectual Homero Ferreira
Castelo Branco Neto, que não é só autor de bons livros, mas também
de dono de conversa agradável, cheia de casos e pessoas diferentes e
por isto interessantes. Homero nunca está triste, pelo menos nunca o
vi assim.
Aqui, de raspão, só para
não ficar nas minhas palavras, depois de dizer que eu chamo de
imagens, logo no plural, que é mais do está no título, porque eu
senti uma cachoeira despencando-se aos meus olhos, enquanto lia, e
meu pensamento de vez quando parava e imaginava como pôde em apenas
298 páginas colocar tanto, de forma tão clara e tão suave para
ler-se, embora nem sempre trate de suavidades. Trata da vida,
positivamente, como já disse. E assim cada dia é um novo dia a ser
explorado e recriado pelas almas em conflito, mas confiantes no bem,
no amor e no próximo.
Algumas frases dele que
sublinhei e trago para meus leitores:
“Não quero mais
convencer ninguém a nada. Quero aprender, cada vez mais, a escutar
melhor as pessoas e ter tempo para cantar a família, os amigos,
ficar em casa lendo e anotando. Está aí o prêmio que me dou por
não jogar fora bem tão precioso: o tempo...
“Pelo amor viveremos,
mesmo depois de morto... Cada texto literário é um pedido de
hipoteca de um pedaço do tempo e do amor de seus possíveis
leitores… Até parece que em minha juventude as árvores e as
flores tinham mais perfume do que hoje… É incrível, precisa -se
ficar idoso e cansado para obter esse privilégio… A idade traz
benefício e liberdade. Às vezes tocamos o contrário. Descobrimos
que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida. Compreendemos
a inutilidade do orgulho, a tolice da disputa, a estupidez da
ganância e a inconveniência de tolas mágoas.”
Mas
nem só de frases e pensamentos é feito o “IMAGEM DO SOL POENTE”,
de Homero Castelo Branco Neto. O livro pede que seja lido
integralmente. E até relido, com prazer e alegria. Não é só
romance, não são só crônicas nem memórias: E tudo isto e mais: é
a vida.
____________________
*Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário