segunda-feira, 25 de julho de 2016

PE. JOÃO MORAIS SOBRINHO, ENSAIO BIOGRÁFICO

 Francisco Miguel de Moura*


Quando eu já havia terminado o livro “Minha História de Picos”, encontrei-me com o Padre João Morais Sobrinho por acaso, no Supermercado Carvalho, saudável e alegre. Perguntou-me, então, se havia incluído uma biografia dele.  E eu respondi que ele estava citado em várias partes do livro, como não poderia deixar de ser. É que eu tive o propósito, na concepção da obra, de não fazer biografias dos vivos, visto que a biografia é uma peça que se escreve apenas quando a pessoa faleceu. 

Depois foi que me lembrei: Ele é, atualmente, a pessoa mais idosa da família Morais Feitosa. O nome João Morais Sobrinho é uma homenagem que seu Mirô (Laudemiro Morais Feitosa) fez a seu irmão João Morais Feitosa, tio do futuro Pe. João Morais Sobrinho.   O futuro padre Morais (ou Joãozinho, como é chamado pelos mais íntimos) nasceu em Picos, Piauí, aos 27 de outubro de 1927. É o primogênito do casal Laudemiro Morais Feitosa e Isabel Francisca da Costa, de cujo casal nasceram mais os seguintes filhos: Antônio Morais Sobrinho e Maria do Socorro Morais Ferreira. Laudemiro Morais Feitosa, pai do Pe. João Morais, enviuvou. Depois do nascimento dos três filhos mencionados, casou, pela segunda vez, com Esther Morais de Araújo. Desse segundo casamento nasceram mais dois rebentos: Maria Mécia Morais Araújo Moura e Francisco Morais Araújo, meio irmãos do Pe. João Morais. Ele comemora os seus 89 anos idade, no próximo mês de outubro. Atualmente, está convalescendo de um tratamento de câncer intestinal, no seu próprio apartamento, na Avenida Rio Poty, bairro de Fátima. 

Contando um pouco de sua vida, ele diz que, depois dos estudos primários, em Picos, no Colégio Coelho Rodrigues, teve uma vida muito movimentada. Foi para Recife por algum tempo, voltou para Picos e ficou esperando uma vaga no Seminário de Teresina, mas não havia vagas no Seminário. Finalmente, o bispo D. Paulo Hipólito de Sousa Libório conseguiu criar uma vaga para ele, onde fez o correspondente ao Curso Científico. Depois foi para João Pessoa onde terminou os cursos de Filosofia e Teologia, os quais duraram cerca de quatro anos. Aí então volta para Picos, onde foi ordenado padre, na Igreja Matriz de N. S. dos Remédios, em 22 de dezembro de 1958. Foi ele quem oficiou o casamento de sua irmã Maria Mécia Morais Araújo com Francisco Miguel de Moura, em 08 de dezembro de 1959.

Após a ordenação, foi designado pelo bispo de então para dirigir a Paróquia de Pio IX – PI. Dita paróquia abrangia um território que ia de Jenipapeiro a Riachão, seguindo por Alagoinha e São Julião, e chegava às cidades de Fronteiras-PI e Pio IX-PI. Em Pio IX construiu grandes amizades, inclusive com o escritor José Magalhães da Costa, Juiz de Direito da Comarca. Por causa do seu trabalho, mantinha a fé e a religião naqueles lugares e cidades mencionados, arrecadava simpatia e contribuições para a Igreja, mas suas relações com os bispos nunca foram muito tranquilas, pacíficas. De vez em quando aconteciam arrepios. Tanto é que, segundo me declarou resolveu “tirar a batina” como se diz no interior e casar-se. Foi dispensado do ministério sacerdotal em 1970, depois de diálogos não muito amistosos com o bispo de Picos, D. Augusto. As suas desavenças eram, sobretudo, por dinheiro. O bispo achava que a arrecadação estava minguada e o Pe. Morais não sabia o que fazer para aumentá-la. 

Casou-se, em 1980, com Francisca Pereira de Sousa, nascida em 20-03-1930, já então viúva do Prof. Cosme, um parente meu que há muito tempo eu não via. Foi na época do seu primeiro casamento que conheci a atual esposa do Pe. João Morais. E, em nossa entrevista, ele lembrou que ela tinha sido sua secretária, na Igreja de Fronteiras - PI, quando era o pároco de Pio IX(PI). “Naquela época nunca imaginei que viesse a ser minha esposa”, confessa. E diz também: “Depois que fui dispensado do ministério sacerdotal, passei um ano sem comunicar-me com a Igreja nem pedir-lhe a devida licença para o matrimônio, cujo processo demorou muito e só alcancei em 1976”. 

Pe. João Morais Sobrinho tem um temperamento forte, o sangue dos Feitosa dos Inhamuns e também dos Conrado Costa, de Picos. Compreende-se, assim, porque algumas vezes se desentendeu com os superiores hierárquicos da Igreja. Isto não quer dizer, muito pelo contrário, que não seja um cidadão virtuoso, crente em Deus e em Jesus.  Operoso e trabalhador, depois de ter desistido do sacerdócio, tornou-se professor, o que já vinha fazendo nos colégios da paróquia (Pio IX) e depois em Teresina, quando já estava casado com Francisca Pereira de Sousa Morais. Foi Diretor do Colégio Lourival Parente, no bairro do mesmo nome, onde também lecionava português, francês e inglês. A atividade de professor cessou quando nela se aposentou, em 1985. Sua inquietude, entretanto, levou a desenvolver sua tendência para os negócios, construiu e comprou vários imóveis, muitas vezes auxiliando os sobrinhos, filhos dos seus irmãos Antônio Morais Sobrinho e Maria do Socorro Morais Ferreira, especialmente nos estudos. Passou também a adquirir pequenas propriedades onde praticava criação de gado. Por último, já aqui, em Teresina, comprou um sítio na zona rural onde cria gado, planta e cultiva cajueiros, em pequena escala, fabricando cajuína de ótima qualidade para distribuir aos parentes, amigos e, esporadicamente, vender a quem interessar-se. Emprega seu tempo disponível nisto, mais por lazer que por necessidade. Por tudo isto, faço-lhe esta homenagem.
 ___________________
*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras (APL) e da Academia de Letras da Região de Picos(ALERP)

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...