sábado, 27 de junho de 2015

O VALOR DA VIDA x O VALOR DO DINHEIRO

Francisco Miguel de Moura*
Escritor, Membro da APL-PI
(e-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com)
 

       Quanto tempo, tinta e latim gastam hoje para definir o que é o amor, justamente na forma mais deturpada da sociedade: “O AMOR É UM BEM PÚBLICO” – li isto pichado na parede de uma padaria. Que horror!

           Falando sério, o amor entre os antigos, os gregos, por exemplo, tinha três formas essenciais: Philia, a primeira trata do amor vivido na família ou entre os membros de uma comunidade. Aristóteles explica que “os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos”. Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem “comido uma quarta de sal juntos”. A segunda forma, ÁGAPE significa amor FRATERNO. Esse tipo de amor não supõe reciprocidade, por que se ama sem esperar retribuição, assim como independe do valor moral do individuo que é objeto de nossa atenção.  A terceira, EROS, refere-se às relações que costumamos chamar de AMOROSAS propriamente ditas. Diferentemente das outras expressões de amor já citadas, a paixão amorosa está associada á exclusividade e à reciprocidade. Por isso, ao contrario da tradição, que caracteriza o ser humano apenas como racional, poderíamos vê-lo também como “ser desejante”, tal é a força que impulsiona a busca do prazer e da alegria de conquistar o amado. Esse desejo, porém, não visa apenas a alcançar o outro como objeto. Mais que isso, busca o reconhecimento do amado, quer capturar sua consciência O apaixonado deseja o desejo do outro. É de tal ordem a força desse impulso que foi necessário o controle dos instintos agressivos e sexuais, para que a civilização pudesse existir. O mundo humano organizou-se com a “INSTAURAÇÃO DA LEI” e, consequentemente, com a “INTERDIÇÃO”, pois as proibições estabelecem regras que tornam possível e necessária a vida em comum, em sociedade.

        No entanto, a sexualidade humana não é simplesmente biológica, não resulta exclusivamente do funcionamento glandular nem se submete á mera imposição de regras sociais.

        O “pichador” acima referido, maldosamente, torna o amor humano uma espécie de ato público, comum como fazem os cachorros. Por favor, o amor é subjetivo, jamais poderia ser público.  O amor é a parte mais substantiva da alma, como está nas definições dos sábios antigos.

         Comparando mal, para produzir o pão precisa-se de muita gente, muito trabalho, além de terras, máquinas, animais, água, luz, etc. Para distribuí-lo precisa-se também de muitos trabalhadores, desde os que transportam o trigo do campo para a indústria como os que vendem a grosso ou retalho nas padarias. Muitos trabalhadores se envolvem na produção e distribuição do pão.  Já o envolvimento na construção de uma personalidade pronta para sentir, amar e produzir são diferentes, pois a pessoa é diferente da coisa. O pão será igual à pessoa que o come? A  criatura que ama é igual a um pão? Nunca! Há mistérios entre a matéria e o espírito que somente quem os fez saberá. As pessoas nascem de dois entes que se amam, têm a sua gênese, nascem numa família, precisam de escola e da sociedade que lhe propicie uma convivência normal. Por outro lado, não se ama a mais de uma pessoa como se come pão de mistura com café e leite.

         “Não só de pão vive o homem, mas da palavra quem vem de Deus”. E a palavra é amor, o amor que vem do alto e que nos faz seres superiores, subjetivos, donos de mente e corpo, que pensam e agem, na sua passagem pelo mundo. Nem o pão nem o amor são públicos. Mesmo que fossem ainda seriam diferentes. Há uma enorme confusão entre o que é bem privado e bem público. Não são adjetivos que se apliquem ao amor.

          Mas no Brasil atual a mania é fazer a politicalha da “inclusão”.  Uma ilusão que pregam para os tolos – eles, os donos do Estado, a partir de Lula. Estão riquíssimos com bens nos exterior, salários e rendas por aqui mesmo, muitas vezes em nome dos filhos da mulher, dos parentes. E a gastança enorme que têm feito nestes anos, tirando, é claro, dos orçamentos da Nação, todos “arrombados”, a cada ano que passa. E a onda é tornar público tudo, é unificar tudo em um só bloco, para ficarem eternamente no poder.   Daí vem a deturpação de “incluir” o amor. O amor não se inclui, o amor se conquista.

         Mentir, furtar, roubar, matar é tão crime quanto assediar, violentar, assediar, estuprar mulheres como tanto têm feito, nos últimos tempos, tanto os políticos de modo geral quanto esses grandes pecadores das drogas. Assim, nos parece, que querem “incluir” todos esses males na sociedade brasileira, tão infeliz. Se é que já não incluíram.

         Mas esses malfeitores têm pele de cordeiro, pele e voz. Há muito tempo que as pessoas mais inteligentes já descobriram que “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”, ditados dos nossos experientes homens do passado. É preciso que os cultivemos, para o bem de todos. Nossa história é rica de pessoas, inclusive mandantes, de boas qualidades, que são orgulho do Brasil. Por que não abandonar os pulhas do momento? Aqui precisamos muito da “PHILIA” de que falavam os gregos e das outras formas de amor. Que sejam sinceros e verdadeiros.

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* Nota do responsável pelo blog: Este artigo foi publicado no jornal "O DIA", 27-6-2015, com o título acima, que não era o original. Entreguei o artigo no jornal com o título de ''O AMOR NÃO É UM BEM PÚBLICO, IDIOTA!'  Alguma pessoa da redação não entendeu minha mensagem, talvez com boa intenção, e achou por bem mudar o título. Não sei se ficou melhor ou pior. FMM.

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