terça-feira, 26 de agosto de 2014

EDUCAÇÃO VEM DE ONDE? – DO BERÇO

Francisco Miguel de Moura*

A educação vem do berço, nasce como nós nascemos. E cresce como nós crescemos. Então, como fazer para melhorar o modo de ser, viver e comunicar-se do povo brasileiro?  Para chegar a uma resposta mais ou menos aceitável, é necessário muito debate. A principal educação vem do berço, sim senhor. E todos nós já sabemos o que é o berço, onde está o berço, quem faz o berço. Não se trata de um marceneiro comum, são os pais de família: - Uma marcenaria muito mais elevada, onde se forjam o caráter, a moral e os bons costumes. O berço acontece muito antes do nascimento, começa na gravidez da mulher, começa no casamento. E a família, explica-se, é uma instituição estável, justamente para dar segurança ao nascituro.  Os pais precisam ser educados para criar uma família. “Cada um dá o que tem” é outro princípio correto, neste elenco de princípios. Se as nossas famílias não forem estáveis, se os casais não forem conscientes dos direitos (mas também e principalmente dos deveres), a sociedade sofre, o tecido social adoece. Pois não se educa apenas com palavras. Palavras são importantes, mas apenas o primeiro passo. Elas serão secundadas com os atos, exemplos e vice-versa, conforme a situação. 

Quem é filho de pais mal educados, muito dificilmente será bem educado. Tenha a escola, o estudo que tiver. E se o filho não tem educação em casa e não tem a sorte de ter escola, como é que fica? Esses filhos jamais serão bons cidadãos, destacados cidadãos. Crianças sem lares tranqüilamente são candidatos a lavadores de carro, se não chegarem à promoção (para baixo) de meninos de rua, moradores de rua, drogados. E daí a vendedores de drogas, coniventes e amigos dos assassinos (se é que assassinos têm amigos).

Se o estado é incompetente para dar escola e instrução para as crianças, como vamos ter educação (instrução) competente para a reeducação da grande maioria? Na formação das pessoas não há espaços vazios, se não lhes damos o bem, o mal está aí para abraçá-las, o mal, representado especialmente por vícios e mais vícios, entre os quais o mais terrível: as drogas, estes maus sonhos que os traficantes lhes fornecem juntamente com armas e bagagens.

Está aqui indicado: é na família que tudo de bom começa. Sem família: só a escuridão. Não sejamos a favor da destruição da família, pois assim estaremos destruindo as conquistas ganhas até hoje como civilizados. Não estamos indo atrás de genética, nem de classes A ou B, no sentido econômico. O que propomos é uma progressão sempre, sem retrocessos, para o crescimento social com saúde. Para isto, juntamos a nossa proposta que, por muito que possa parecer absurda, é a mais correta que encontramos: ESCOLA PARA OS PAIS E PARA OS CANDIDATOS A PAIS (pais e mães em verdade). Não se dão cursos para motoristas? Sim. Nosso leitor dirá: - E por que nossos motoristas (até os que dirigem seu próprio carro) são tão deseducados, brutos, descumprem a lei, provocam e fazem mortes? Certamente lhes faltou a educação básica, no caso a do berço. Não adianta tentar prevenir o prejuízo depois de feito. O remédio é começar pela raiz. Construir escolas suntuosas, com todas as acomodações, todos os tipos de esporte, cheias de computadores, tudo vale a pena. Mas, se o diretor, os professores e os alunos não tiveram a educação básica, o aproveitamento é como se você construísse uma casa sem alicerces, um prédio sem as bases necessárias. A família é a base da pirâmide da educação e da sociedade. Informamos, ainda que o socialismo de estado, de partido único, em todos os países como na Rússia, que foi o modelo, NÃO DEU CERTO, todo mundo sabe. E não deu certo porque a primeira coisa que a revolução bolchevique fez, na Rússia, foi acabar com a família, desbaratando todos os laços de parentesco, para implantar aquele do partido único, no qual todos ficaram sendo filhos do partido, sócios do estado como funcionários públicos. Assim, caiu a pirâmide social. Caiu a economia. Caiu a ética. Caiu a economia, pois funcionários do estado são subservientes totalmente às normas que eles não discutiram, não pediram. De tudo o que sobreviveu, a duras penas, na Rússia, foi a religião otomana, assim mesmo toda desfigurada, feito camaleão – animal de nossa fauna que veste a roupa do ambiente, muda com ele, etc. E isto é uma mostra de que a raiz da sociedade esfacelada destroi a civilização, a cultura, a moral e a ética. Fora da democracia pelo voto popular livre, com constituição aprovada e respeitada, não há outros regimes, todos são de mentirinha. Só há este, o da evolução social a partir da família, que chegou ao seu mais alto grau com a DEMOCRACIA. Os gregos não sabiam tudo, mas eles sabiam quase tudo. São o nosso modelo, porque à sua época, alcançaram o mais alto grau de civilização.
 
É, pois, este o sistema que devemos por em prática, melhorar se for possível (e sempre é). Quer tenha uma espécie de economia chamada capitalista, quer seja a também apelidada de social-democracia, onde os princípios que regem as relações entre o trabalho e a produção são de negociação livre, conquistada, nunca recebida de “mão beijada”. O chamado regime comunista, sonho de muitos sonhadores, não aconteceu, pois, segundo sonhou Karl Marx, por exemplo, seria ele como um céu na terra. Claro mais uma utopia, cuja tentativa de sua prática causou frustração ao próprio humanismo - outra utopia mal configurada hoje no que se chamou de anarquismo.
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*Francisco Miguel de Moura – Escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras (APL -sede em Teresina - PI).

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