quarta-feira, 11 de junho de 2014

PROSOPAGNOSIA

SONETO 
INÉDITO

Francisco Miguel
de Moura*






 


Não quero que me tenha como um pobre
Cheio de empáfia, longe, em devaneio.
Vejo tudo em você: cabelo e seio,
Orelha e brinco e a vestimenta nobre.

Foi ontem nosso abraço e a despedida,
Quando eu jurei guardar suas feições,
E um minuto depois, sem condições,
Não mais lembrava a face comovida.

Minha imaginação, que escreve e cria,
Tão sem dificuldade, quem diria,
Me esconde os traços de quem tanto gosto!

Isto explica por que minha carteira
Traz de frente sua foto de alma inteira:
Que eternamente eu possa ver seu rosto.

______________
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí, cidade que muito ama.   Já publicou mais de 30 livros. Moura está às vésperas de publicar sua Poesia in Completa (2ª ed. revista e aumentada) – para comemorar os 50 anos de poeta e escritor. A estreia foi em 1966, com o livro de poemas denominado “Areias”. O Autor, desde criança, sofre deste distúrbio da memória chamado Prosopagnosia.

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