Sou galho seco: a paisagem me devora,
Alonga-se em garranchos, espinhos, pauis
De catingas estéreis em terras arenosas.
Não vejo ondas nem dunas pela praia
Enquanto ouço o sal do marulho do mar.
Sou quase cego, mas vivo para o amor
E para sensações outras como o tato,
O cheiro, o sabor e as cores sem cor.
Se eu visse o mundo tal como seria,
Viveria feliz entre gentes e coisas.
Mas meu saber é simplesmente amar
Imagens do que falta e do que além vai.
Morre comigo a paisagem próxima,
Vive comigo quando se vai. E vem!...
Sou tão esquisito! Por vezes, me admiro,
Que me vi ontem no que nada vi,
No que morreu e creio que em mim vive.
- Vem para os meus braços, vem sentir
O calor de um coração que bate e bate...
Fraco, porém com a força da coragem
De morrer, morrer de amor somente.
Talvez que os poetas sintam, sofram mais,
Quando deixam o belo fugir e vão atrás.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro portador de prosopagnosia, pequena falha na memória que dificulta guardar os traços do rosto humano, no seu conjunto. Por isto o poeta presta mais atenção a tudo mais – fala, altura, roupa e demais traços e gestos.
3 comentários:
Que versos lindos e sentidos querido poeta, me emocionei... Tenha um lindo dia querido é sempre um prazer vir aqui.
Belos versos como os demais poeta!!! Não nos cansamos de parabénizá-lo sempre. Abraçopoético&educacional de um aprendiz de poesia.
Em um galho seco
surge uma pequena folha:
A vida insisti...
E o que mais é importante que amar? Só amar e mais amar...
Um dos seus mais lindos poema Chico!!
Amei!!!
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