sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PRÊMIO NOBEL DE MEDICINA 2012

 Francisco Miguel de Moura*  


A ciência tem avançado muito nos séc. XX e XXI, especialmente a biologia e, em consequência também a medicina. Notícias de 8-10-2012 dão conta de que o Prêmio Nobel de Medicina foi divido entre dois cientistas: o japonês Shinya Yamanaka e o britânico John B. Gurdon, o primeiro, professor da Universidade Kyoto, o outro trabalha no Instituto Gurdon, em Cambridge, Inglaterra. Estanho é que os dois nunca trabalharam juntos, talvez nem se conhecessem em pessoa.  

John B. Gurdon descobriria nos anos 1960, que a especialização das células é reversível. Quatro décadas depois, Yamanaka, analisou células maduras intactas de ratos e descobriu que elas podem ser reprogramadas para se tornarem “células estaminais”, capazes de formar qualquer tecido. Mas o japonês reconhece que o trabalho dele apenas complementou o que John Gurdon já tinha começado e até avançado.

Foi assim que os dois cientistas desenvolveram pesquisas em torno da “célula-tronco” e chegaram à mesma conclusão: “As células maduras, especializadas, podem ser reprogramadas para se tornarem células imaturas, capazes de desenvolver novos tecidos do corpo; de tal modo que elas podem voltar o relógio do desenvolvimento, em determinadas circunstâncias”, completam os pesquisadores. As células são denominadas, depois desse processo, de “estaminais pluripotentes”. O resultado dessa descoberta científica “veio revolucionar a compreensão sobre como as células e os organismos se desenvolvem”. Disseram que várias doenças podem ser combatidas, tratadas, com o desenvolvimento prático dessas pesquisas, mas não indicaram especialmente nenhuma.  

“Livros didáticos foram reescritos e novas áreas de pesquisa foram estabelecidas. Por reprogramação de células humanas, os cientistas criaram novas oportunidades para estudar doenças e desenvolver métodos de diagnóstico e terapia”, diz ainda o comunicado do Prêmio Nobel.

Imagina-se que, com esse processo de transformar quaisquer células do organismo humano por “reprogramação”, virá em breve uma grande revolução para a medicina. Por exemplo: diagnosticar, tratar e curar doenças nervosas, musculares, do fígado e o próprio câncer, além muitas outras.  


A instituição do Prêmio Nobel foi criada em 1895, pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel – inventor da dinamite.  Mas as premiações só começaram a ser entregues a partir de 1901.  Prêmio valioso, normalmente distinguindo os melhores em várias áreas, nunca tinha sofrido diminuição no valor estipulado. Mas este ano, devido à crise econômico-financeira internacional, foi reduzido em 20%, ficando assim orçado em hum milhão e duzentos mil dólares. Divido entre dois, não é lá uma fortuna para não precisarem de mais dinheiro na vida, mas bem que ajuda muito.  Tomara que essa redução não se transforme num desestímulo aos cientistas mais novos, consequentemente às descobertas dentro de cada ramo do saber humano. 

Por um pedacinho da entrevista dos dois à tevê Globo, sente-se a humildade de que são portadores.  O John B. Gurdon conta um fato, uma quase anedota, de quando estava na escola, lá pelos seus 15 anos: “Eu disse a minha professora que queria estudar ciências, ser cientista”, ao que ela respondeu: “Não pense assim, isto não leva a nada. Por que não escolhe outro ramo?” E rindo para o telespectador, completa: “Hoje posso dizer que valeu a pena”. 

Os demais premiados com o Nobel já estão logo sendo enunciados e proclamados pela imprensa, a começar pelo de Física, depois o de Química e Literatura.  A cerimônia de entrega dos prêmios, em Estocolmo, vai acontecer no dia 10 de dezembro do corrente ano. 
                             
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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras e da União Brasileira e escritores. Sócio da IWA (International Writers and Artists Association), Estados Unidos

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