sábado, 31 de janeiro de 2009

QUANDO SERÁ O FIM?

Francisco Miguel de Moura*

Yoshihiro Francis Fukuyama, sociólogo e filósofo nipo-norteamericano, em 1992, publica “O fim da história e o último homem”, livro considerado revolucionário, cujo pensamento está atrelado a filósofos anteriores, entres os quais Hegel e Kojève. Fukuyama afirma que chegamos ao fim da história porque a vitória do Estado uni
versal capitalista e burguês é homogênea e completamente satisfatória para os cidadãos do mundo. Filosoficamente diz que o mundo liberal democrático está livre de contradições. Esses arroubos são próprios dos fins de século, como se o tempo contado em anos solares matasse a história, principalmente seus dilemas e problemas. Na sociedade não existe marco definitivo, salvo quando chegar o fim de tudo. Será que esses pensadores quiseram afirmar que era chegado o fim da evolução social?

O renomado advogado, acadêmico e filósofo Prof. Celso Barros refuta: “Isto, em verdade, é uma falácia. A divisão social de classes dentro do Estado liberal, criando minorias ricas, poderosas e privilegiadas e maiorias enfrentando as mais sérias e desumanas situações, está longe de representar um Estado homogêneo e universal.”

Por outro lado, lendo uma entrevista no mensário “Superinteressante”, dez./2008, encontro a surpreendente afirmação do Prof. Steve Jones, da Inglaterra: “A lógica de Darwin não se aplica mais aos seres humanos e chegamos ao ponto mais alto da genética”. Como espécie, geneticamente, se aceitarmos tal opinião, chegamos ao topo do que poderíamos chegar. Doravante, o máximo que podemos é conservar o que somos. O homem não tem mais futuro. A história da genética termina aqui.

Partindo das duas afirmações acadêmicas, chega-se à conclusão que, neste planeta, o homem não tem mais vez, o máximo que pode fazer é buscar um meio de mudar-se para outra parte do universo. Não deixa de ser uma visão apocalíptica, entre outras originadas na cabeça dos filósofos ou nos dogmas religiosos. Apocalípticos são os finais de século, como dissemos, e especialmente de milênios. Na verdade, ninguém sabe nada do futuro e pouco do passado do homem, quer como espécie, quer como ser social. Considerando a máxima de Marx, segundo a qual “a história é a maior de todas as ciências, senão a única” (citação de memória), sem a natureza não existiríamos.

E como poderíamos existir sem a história, a memória, a capacidade de desenvolvimento ("agora perdida")? E já que falamos no passado e no futuro, falta falar do presente, que é o infinito produtor do passado e do futuro. Talvez a ciência já soubesse mais – a astronomia e outros ramos – se não estivesse tão preocupada com o capitalismo cheio de crises e revoluções que matam o planeta. Suicídio e apocalipse.

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Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina, Piauí - Brasil. E-mail:franciscomigueldemoura@superig.com.br

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