quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

PROSOPAGNÓSICO





Francisco Miguel de Moura*






Não quero que me tenha como um pobre
Cheio de empáfia, longe, em devaneio.
Vejo tudo em você: cabelo e seio,
Orelha e brinco e a vestimenta nobre.

Foi ontem nosso abraço e a despedida,
Quando eu jurei guardar suas feições,
E um minuto depois, sem condições,
Não mais lembrava a face comovida.

Minha imaginação, que escreve e cria,
Tão sem dificuldade, quem diria,
Me esconde os traços de quem tanto gosto!

Isto explica por que minha carteira
Traz de frente sua foto de alma inteira:
Que eternamente eu possa ver seu rosto.



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Obs.: O autor deste soneto é prosopagnósico; a respeito do assunto, leia a matéria logo a seguir, publicada pela revista “Época” – Rio de Janeiro
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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