quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A MAIS ANTIGA CIÊNCIA




Francisco Miguel de Moura
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Quer se acredite no teocentrismo, quer se adote o evolucionismo com relação à origem do mundo, a ecologia é a mais antiga ciência do homem. Ela nasceu quando Deus entregou o Éden a Adão e disse: – “Este mundo aqui é todo seu, sua casa, você tem liberdade de fazer o que quiser com ele, inclusive dar nome às coisas”. E o primeiro homem saiu por aí, observando tudo, nomeando o que entendia e cuidando de sua casa. Mas daí a pouco, Adão descuidou-se, começou a fazer tolices e foi expulso do Paraíso. Éramos uma só família vinda do mesmo tronco.

Como Drauzio Varella e a maioria dos cientistas e intelectuais, creio na teoria de Darwin, o evolucionismo. Em seu livro “Borboletas da Alma”, diz Varella que o rio da vida começou há 4 bilhões de ano, com seres unicelulares. Entretanto, só “há 600 milhões de anos o rio da vida abandonou a monotonia unicelular e deu origem aos primeiros seres formados por agrupamentos rudimentares de várias células”. E daí começou a espetacular diversidade de formas viventes (leões, mosquitos, lagartos, coqueiros, roseiras, bactérias, vírus, algas e dezenas de milhões de outras espécies). Já nos últimos milênios vem diminuindo essa diversidade pela extinção de animais, árvores, arbustos, florestas marinhas, matas ciliares... Nosso planeta vem presenciando o começo da extinção da vida em seu seio.

Voltando à relação teocentrismo religioso versus darwinismo evolucionista, diz o Dr. Dráuzio Varella que é muito mais emocionante participar da teoria evolutiva e do seu mistério que da coesão teocentrista bíblica. De qualquer forma, teoria é teoria. Senão, vejamos: Moisés teve um sonho tão bem contado no “Gênesis” que termina se aproximando muito do que a ciência já tem a dizer sobre o nosso começo. E como estamos a falar de ecologia, digamos que o homem já singra o estágio da expulsão do Paraíso. Fizemos tudo o que não devíamos fazer, depredando e sujando nossa casa, comendo o fruto proibido, e deixando os demais às intempéries.

Mas, de qualquer ângulo que se veja a teoria, não resta dúvida que a ciência ecológica nasceu com o homem e vai morrer com ele. E não há certeza... (ou há?) de que exista outro planeta ou estrela para abrigar a semente do homem, nem ciência capaz de construir naves e formas de viajar pelo universo, tão poderosas e competentes. Na Terra, o homem tem transformado o clima, a vegetação, a água; aterrado os rios e mares; comido uma parte da camada do ozônio (atmosfera); sem falar nos rombos já feitos nas montanhas de ferro e outros minerais, nas profundezas onde possa encontrar petróleo e outros “bens”.

Da mesma forma que o homem é o único animal que chora e ri, também se tem mostrado o único efetivamente contra a natureza, um exterminador e sem nenhum plano de construção, ou reconstrução, até agora. Será que vamos criar juízo, obrigando os políticos a deixar de ser desonesto e ditadores dos recursos que não são seus? Eles, nós, a população toda da Terra, temos de estudar e ordenar a reconstrução do que já foi ferido, morto, e não volta a ser como antes, entregando às novas gerações um pouco do que receberam de graça: – a natureza e as maravilhas da vida.

A ecologia é a ciência da vida de modo completo.
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*Francisco Miguel de Moura-Escritor Membro da Academia Piauiense de Letras

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