quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A DESCOBERTA DA OUTRA


Francisco Miguel de Moura*


Sendo a ditadura dos ricos, dos milionários e bilionários, a dona do mundo, há quanto tempo a América do Norte não se reconhece como democracia formal somente? Desde que nasceu. Mas a eleição e posse de Barack Obama pode ser o começo da queda da plutocracia americana. A descoberta da outra democracia. Ou sonhamos muito? Pelo menos internamente já começou. O povo que o elegeu, composto de nobres, populares, brancos, pretos, americanos, latinos, proprietários, comerciantes, industriais, banqueiros, bancários, lixeiros e estilistas sociais assim o desejam. Não esquecer que há cerca de 10 anos milhares de eleitores negros foram impedidos de comparecer às urnas, dada a sua manifesta vontade de sufragarem o nome do candidato do Partido Democrático, quando Bush, o candidato republicano – o pior e mais incompetente Presidente dos Estados Unidos, segundo o ator Robert Redfort – enfim, foi eleito.

Não vai ser fácil o mandato de Barack Obama, cujo nome já indica sua origem diferente de tudo o que tem mandado nos Estados Unidos, basta percorrer a lista dos Presidentes, Governadores, Senadores, Deputados. Não importa que tenha sido eleito pelo Partido Democrata e digam que a política desse Partido é pior para o Brasil e os países latino-americanos do que a do Partido Republicano. Poderemos pagar um pouco desse sacrifício em favor da democracia na Nação mais poderosa da terra. Isto é bom para o mundo. É de não se perder totalmente a esperança no futuro que quase já havíamos perdido. Libertar-se das mãos do George W.Bush já foi uma bênção. Ter quase certeza de que invasões como a do Iraque não acontecerão mais já tranqüiliza o mundo, a fim de que os demais países possam pensar numa felicidade duradoura, com liberdade e respeito pela vida. Sob Bush, com respeito ao Iraque, não houve uma guerra – foi uma invasão, um massacre, sem nenhum propósito senão mostrar o poderio e a insensatez. Porque, petróleo, os americanos já tinham muito de onde tirar.

Para não ficarmos monocordicamente comentando o mais importante fato político da atualidade, que abala as estruturas do poder mundial, passemos a palavra a César Vanucci, articulista de peso e medida, veiculada no Correio do Sul, Varginha, MG: “... Um evento histórico transcendente. A eleição do negro Barack Obama não pode deixar de ser enxergada como uma extraordinária revolução pacífica nos ordenamentos democráticos corretos. Mas, bem pesados e medidos todos os fatores em jogo, um revolução impactante. Nascida ao impulso de idéias generosas. Movida pela disposição franca de revolver conceitos carcomidos.”

Acreditamos que problemas como o aquecimento global (Protocolo de Kioto), a imigração, a política econômica em relação à América Latina e as guerras intempestivas como a do Iraque, serão revistos, re-analisados com profundidade, prudência e sabedoria, e daí nascerá orientação coerente com a democracia social no mundo – a que desejamos.

Também é preciso prudência nas esperanças. O poder econômico mundial dos Estados Unidos não vai ser abalado por um fato formal, mesmo que político de magnitude. Pergunta-se: – Há quantos séculos o capitalismo domina? E o que muda agora? Só a mão de quem governa. Antigamente Roma, depois França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos fizeram o que está aí. O complexo americano é muito mais do que econômico. Ele domina a terra, o mar e o ar. E daí, que poderíamos fazer? Trabalhar e esperar. É o que se exige, no momento, de Barack Obama e sua equipe, assim como dos demais habitantes do planeta Terra.

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*Franacisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina, Piauí. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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