domingo, 13 de abril de 2008

A FLOR EM FLORES


Francisco Miguel de Moura*

Com a face em ângulos e triângulos,
Oculta e não cansa de mostrar-se,
encantada em curvas de espírito e luz.

Por que, enfim, nasceu pétalas,
entrâncias e reentrâncias,
lagos, luas, protuberâncias,
se o futuro está distante?

Sóis iluminam suas formas:
pistilos, talos e raízes.
Cada raio de sol dá força
tão estranha e incomum!
Dia avante, passo-mágico,
mais estrelas para a noite
vertical. O dia vem plácido.

Cabelos d’ouro ou de carmim,
do preto até um branco sem fim.
Perfume abelhudo, vôo-borboleta,
tudo esplende entre você e mim.

Uma cicia a outra, conversando:
- Você já sentiu alguma dor?
- Jamais! Nem quando nasci.

Ai, dores dos mortais de carne e osso,
areia e pedra e vento e ar! Nada podemos
do presente, só olhar. O futuro está em nós.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina.

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