quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A HORA VAZIA

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA

o silêncio sem boca nem fundo
esvaziou-se no jarro caído.

a beleza da sala chora sem lágrimas,
não tece cor nenhuma.

cacos não preenchem o vazio,
são novos buracos cravados no chão,
no sangue do pé da criança.

E o vazio continua quebrado
como qualquer desvio
da luz e do silêncio.

Nenhuma palavra.
Palavras não enchem o vazio
nem a inutilidade dos desejos.

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