terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A VIOLÊNCIA FÍSICA E SOCIAL (2)

A VIOLÊNCIA FÍSICA E SOCIAL (2)

Francisco Miguel de Moura – Membro da Academia Piauiense de Letras

Há muito engano, ou sei lá o quê, na cabeça de quem pensa que o criminoso é mais rápido do que o comum dos homens e por isto é mais inteligente. Quem disse que inteligência é rapidez? Os capitalistas criaram tal discurso em benefício próprio, Tal discurso, complementando sua ideologia, não obstante nos faça parecer que combate ladrões e criminosos, é inconsciente e maléfico.
Mistificam-se e idolatram-se os criminosos, desde que não sejam os chamados “ladrões de galinha”. Ladrões, assaltantes, criminosos de vários tipos são vistos pelo povo como “inteligentes”. Mas somente quando agem por idealismo”, embora todos derivem da mesma ideologia neo-capitalista.
As medidas de inteligência que rolam por aí, especialmente na área da educação, são comandadas pela ideologia do capitalismo, significam a mesma coisa: violência à individualidade do homem. Esse mesmo capitalismo que se vale da ciência para as descobertas de processos que levem as indústrias – sejam de guerra ou de paz – a produzirem mais, ajuda os cientistas a criarem remédios – verdadeiros milagres – na medicina e num sem número de outras coisas.
Mas será que imaginam que o trabalho da ciência é rápido? Estarão enganados redondamente, se assim pensam os capitalistas A ciência, porque é lenta, nos queixamos, está mais atrasada e mais lenta do que devia. A ciência é o trabalho que o homem faz com a natureza. “E a natureza não dá salto”. O capitalismo contribui, a seu talante, para o atraso da ciência e da humanidade. Também ainda não se pensou que o trabalho dos benfeitores da humanidade é lento, leva uma vida inteira.
No caso dos criminosos, a associação velocidade/inteligência é apenas para uma adaptação à necessidade de darem continuidade ao crime. No caso dos ideólogos neo-capitalistas é “sabedoria” para alcançarem o que sozinhos não alcançariam nem pagando bem seus empregados, nem mesmo se não os tivessem. Então, para que endeusar a violência? Essa idolatria vai nos levar à completa ruína, aliás, já nos está levando.
Sou poeta, sou pensador independente, sou a favor do ritmo, da cadência, da música, da vida mais digna de ser vivida: – sem violência, sem velocidade maior que a natural, seja na matéria, seja na sociedade humana, seja no próprio indivíduo.
Não somos comunistas. Eu sou socialista-cristão. E quero velocidade, sim, mas na medida e sem violência. É possível? Sim. E então por que não começamos logo no nosso dia-a-dia?

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