sexta-feira, 31 de outubro de 2025

 

O QUE MORRE

           Francisco Miguel de Moura*

   

Casa e caminhos morrem desamados,

esquecidos, na solidão do Além.

Os segredos falecem de guardados,

e amores morrem quando morre alguém.

 

O porto morre, a onda se esvazia,

e o sonho esvai-se quando acorrentado,

e treva nasce do morrer do dia.

Vão-se o rico, o feliz e o desgraçado.

 

Nada é perene, pois quem nasce vibra

somente um instante para a queda enorme,

eis que essa lei fatal tudo equilibra.

 

Morrem lembranças, fruto do passado,

e o presente e o futuro quando dorme

o homem sem fé, sem luz, abandonado.

 

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...