O
MAU LEITOR
Francisco Miguel de
Moura*
Poesia
é uma cousa muito ingrata,
só
o poeta que é bom não renuncia.
Porém
o mau leitor desaprecia
E
esbraveja gritando: “Coisa chata!”
Se
o poeta se estende, sem bravata,
Como
a água que cai dentro da pia,
O
leitor logo invade uma outra via,
E,
o que era sonoridade, desbarata.
Pois
quer discurso, história ou teoria,
Quer
exemplo, uma história morta ou fria,
Fingindo-se
orador... E grita e cora.
Perde
a letra e o som do que retrata
pra
receber aplausos, quando mata
o
melhor do poema. E se devora!
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*Francisco
Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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