DUAS
CIDADES IRMÃS
Francisco Miguel de Moura*
Duas cidades e um rio,
Que dois
estados se arvoram
de donos, não do abandono
mas habitantes exploram
que são os mesmos no tempo
de mahã, tarde e na noite.
Belas, duas como são!
Morei em ambas, gostando
E numa delas eu vivo
E as duas amo, que amo
De verdade, sim, senhor.
Meu coração se embalança
Nas antigas ruas tortas,
Nas balsas do rio cheio
De anteontem, hoje pontes
Pra carro, fumaça, asfalto,
De tudo quanto mal cheira
Ferro, hapitos, fumaceiro...
Meu Deus, o’ quanto, mau cheiro!
Quero uma cidade nova
Onde as vacas vivam, berrem
No chiqueiro ou no terreiro
Dando seu leite mungido
Tirado à mão: Que beleza
De tudo que não tem mais
E eu neste poema fixo.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta
brasileiro.
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