segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

 


DUAS CIDADES IRMÃS    

          Francisco Miguel de Moura*

Duas cidades e um rio,

Que  dois estados se arvoram

de donos, não do abandono

mas habitantes exploram

que são os mesmos no tempo

de mahã, tarde e na noite.

Belas, duas como são!

Morei em ambas, gostando

E numa delas eu vivo

E as duas amo, que amo

De verdade, sim, senhor.

Meu coração se embalança

Nas antigas ruas tortas,

Nas balsas do rio cheio

De anteontem, hoje pontes                      

Pra carro, fumaça, asfalto,

De tudo quanto mal cheira

Ferro, hapitos, fumaceiro...

Meu Deus, o’ quanto, mau cheiro!

Quero uma cidade nova

Onde as vacas vivam,  berrem

No chiqueiro ou no terreiro

Dando seu leite mungido

Tirado à mão: Que beleza

De tudo que não tem mais

E eu neste poema fixo.

__________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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