segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

 


A FALTA DO ESPÍRITO

                  

                     Francisco Miguel de Moura*

 

Outrora eu tive angústias tão exasperantes

Como não crer em Deus, não querer o futuro.

Hoje, disto curado, inda mal me seguro,

Sem ter, nem encontrar certezas fascinantes.

 

E em vão saram feridas dum velho viajante

De todo resolvido a construir sua obra

Sem voltar-se ao espírito, uma nova dobra

Pra expulsar o veneno solto a cada instante.

 

Perante a humanidade igual a mim, sem fé,

Menti ser diferente, e me fazendo até

Acreditar que bem mostrava novo exemplo.

 

Hoje, o saber humano, eu sei, feito de lama,

No proscrito me atira onde fiz minha cama

Porque só de matéria bruta fiz meu Templo.

 

_______________ 

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina-PI,

 

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