quarta-feira, 23 de outubro de 2024

 


POEMA INCONCLUSO       

        Francisco Miguel de Moura*

                             (Para Miguel Junior)

 

Um poema estornado da garganta,

que não seja meloso acima dos afetos.

Poema do meu querer concreto,

       do meu querer absurdo.

E que nenhum leitor, por mais astuto

possa mostrá-lo além do branco e preto.

Que seja assim um poema absoluto

e simples como a flor sem cor, sem nome,

que fenece perdida, ao fim da tarde.

Que todas as línguas vivam meu poema,

escondido de mim, alheio, sem razão,

universal no sangue e na desgraça...

Que a alma não sinta, não possa retê-lo,

quer ande ventos, nuvens, tempestades,

por incultos caminhos e veredas.

 

Esse poema procuro a vida inteira,

por meus buracos negros e galáxias.

_______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta,

nasceu no Piauì e mora em Teresina,   

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