POEMA INCONCLUSO
Francisco Miguel de Moura*
(Para Miguel
Junior)
Um poema estornado da garganta,
que não seja meloso acima dos afetos.
Poema do meu querer concreto,
do meu
querer absurdo.
E que nenhum leitor, por mais astuto
possa mostrá-lo além do branco e preto.
Que seja assim um poema absoluto
e simples como a flor sem cor, sem nome,
que fenece perdida, ao fim da tarde.
Que todas as línguas vivam meu poema,
escondido de mim, alheio, sem razão,
universal no sangue e na desgraça...
Que a alma não sinta, não possa retê-lo,
quer ande ventos, nuvens, tempestades,
por incultos caminhos e veredas.
Esse poema procuro a vida inteira,
por meus buracos negros e galáxias.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta,
nasceu no Piauì e mora em Teresina,
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