QUERENÇAS
Francisco Miguel de Moura*
Quero ter a vaidade dos
caminhos:
dão passagem, mas pouco dão
abrigo.
Quero ter o orgulho do tufão,
Quero ter a tristeza do
jazigo.
Quero sentir da tarde a
lassidão
e a solidão da noite no
deserto,
das pobrezinhas flores – o
perfume,
como as nuvens – ficar no céu
aberto.
Quero ter emoções de amor
secreto,
sentir como se sente uma
paixão,
pra cantar glórias e chorar
amores.
Quero viver do ideal
concreto,
quero arrancar de mim o
coração,
incapaz de conter todas as
dores.
_______
*Francisco Miguel de
Moura, poeta do universo.
Este é meu primeiro
soneto (“Areias”, 1966)
Nenhum comentário:
Postar um comentário