quinta-feira, 1 de junho de 2023

 


INTRANSPARÊNCIA

               Francisco Miguel de Moura*

 

Belas tardes de abril que não vivi

porque fundaram anos incompletos.

Salvo aquela que a alma só me trava,

Nem sei como escrever, sem ter sentido.

 

Quanto tempo sem horas e sem rimas,

A dedilhar minha alma fugidia!...

Meu horizonte dispersava o ermo

Da estação que foge e delimita.

 

Não sei porque meu peito deblatera,

Sem vôos, nem revôos separados,

a cairem num espaço amortecido.

 

Subi ao céu, sem ver o meu passado,

Que não foi meu nem acho que mereço

E agora desço ao fundo... E me desfaço!

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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