sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

 

COLCHA DE RETALHOS

 

            Francisco Miguel de Moura*

 

A flor está no campo, muito branca,

uma flor de jasmim, que fica bem

nas mãos de uma menina branca e

de vestes brancas – eis a cor que tem.

 

O arco-íres logo aponta e encanta-

se na lombriga... Por fome intensa,

o “zinho” branco come e limpa os dedos.

E o céu soçobra, em nuvem brancas,

não tem dó, qual um pior vizinho.

 

Nem preto, azul, nem o vermelho

comandariam o universo inteiro:

 

Azedo eu sou, pois ando de amar (elo).

E não é preconceito? O horizonte

se cobre em cinzas, pesa  em chumbo,

anulando as demais colorações

do arco-íres, à íris dos teus olhos.

 

Assim, Maria? Ok, vais construindo

a sua submissa dor, a sós, a solidão

na indefinida colcha de retalhos.


Nem preto, azul, nem o vermelho

comandariam o universo inteiro:

 

______________________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...