sábado, 29 de outubro de 2022

 


ESTADO DE GRAÇA

          Francisco Miguel de Moura*

Ó meus poemas de pássaro viageiro,

de mãos se encontrando no rastro

do passado, prevendo o futuro,

e pousado nas veredas da infância,

abre tuas asas  ao sol nascente,

rasga o ar, para romper o futuro...

Por que tantos morrem ao nascer

e aos poucos ressuscitam na glória

de nova vida e a força pelo amor,

como a lua crescente, aos cochilos

 de sons de violinos ressonhados?

Basta de poemas perdidos, borrados,

á margem sedenta de rios arrasados.

Poemas cegos, sob o topo de títulos

deslisando as chaves vãs, enferrujadas,

carcomidas pelo sem-fim de metáforas

até ao rés do chão como se buscassem

copos secos, nas letras dos epitáfios.

Meus poemas caminham nas nuvens,

livres, sobre o ar sufocante do infinito.

Meus poemas são páginas de minha alma.

____________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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