sexta-feira, 22 de julho de 2022

 

POEMA SEM NOME

                 Francisco Miguel de Moura*

Do sol de uma paixão nascem poemas

retidos no torvelinho em que se adiam.

O sol do poeta risca o ser de cada dia,

cruzando a rosa dos ventos: ventanias.

Meu sol de cada dia é palavra sem voz

esculpida a bater no meu peito-bordão.

O sol do meu dia esquenta e só aquece

ao ouvir, ferida, a voz de outra canção.

O sol do meu dia é um abraço materno,

quando alisa a cabeça ao peregrino amor.

Amor na dor, no presente e na ausência,

para que o futuro siga e vá mais longe.

Amor de mãe que sempre cresce e alcança

 o filho pervagando o finito do infinito.

O sol dos meus anos e dias já passados

são memórias lembradas, sem vingança,

quais luzeiros completos da constância,

pelos anos já mortos de paixões caladas

que me levam mui longe e bem ferido.

Não mais choro os amores já perdidos...

E, se saudade eu sinto, é dor que me alivia

para domar paixões cruéis, devastadoras,

na brancura da paz e da minha solidão.

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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