POEMA SEM NOME
Francisco
Miguel de Moura*
Do sol de uma paixão nascem poemas
retidos no torvelinho em que se adiam.
O sol do poeta risca o ser de cada dia,
cruzando a rosa dos ventos: ventanias.
Meu sol de cada dia é palavra sem voz
esculpida a bater no meu peito-bordão.
O sol do meu dia esquenta e só aquece
ao ouvir, ferida, a voz de outra canção.
O sol do meu dia é um abraço materno,
quando alisa a cabeça ao peregrino amor.
Amor na dor, no presente e na ausência,
para que o futuro siga e vá mais longe.
Amor de mãe que sempre cresce e alcança
o
filho pervagando o finito do infinito.
O sol dos meus anos e dias já passados
são memórias lembradas, sem vingança,
quais luzeiros completos da constância,
pelos anos já mortos de paixões caladas
que me levam mui longe e bem ferido.
Não mais choro os amores já perdidos...
E, se saudade eu sinto, é dor que me
alivia
para domar paixões cruéis, devastadoras,
na brancura da paz e da minha solidão.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta
brasileiro.
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