CHEIROS DISTANTES
Francisco
Miguel de Moura*
O cheiro dos festejos, roupas
coloridas,
Das meninas correndo para a
igreja,
Cabelos longos e olhos tão
ligeiros,
Que a gula me saliva quando
lembro.
E o cheiro de linguiças da cozinha,
E sabor do chouriço, em belos
dias
Da casa de meu avô, de minha
avó,
Tão distantes de mim...Agora vivo.
Do café da manhã que a mãe passava
sem doce, a rapadura lhe
sumira
para o estômago faminto do menino.
Da flor de catingueira para o
estômago
e o intestino, servida ao chá
da noite:
Manhã sem caganeira, o avô sem
dores...
Aquele, sim, um cheiro já esquecido.
E o cheiro agreste, os frutos
do imbuzeiro,
Pelas chuvas de dezembro até
janeiro,
Quando a fruta e as folhas me
serviam.
E do “paudarco” em junho/julho/agosto,
Pisar seu ouro me agradavam os
pés,
E para os olhos, o chão era
um tesouro.
Cheiros de mãe e a cor da
melancia,
Vermelha, o gosto para dar
aos filhos...
São perfumes da infância tão
distante,
Que voltam para adoçar as
nossa vidas.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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