terça-feira, 8 de março de 2022

 

                  

                    D E S C E R 


                Francisco Miguel de Moura*

 

Quem conta mal-contado o que ganhou

Em toda a juventude e meia-idade,

Olvidará detalhes, na verdade

De quantos para trás então deixou

 

Sem perceber que o mundo é um robô

Que nos encanta enquanto movimenta,

Mas irrita a criança e lhe atormenta,

Se descarrega a pilha, se apaga, ou...

 

Desmantela-se em parte a estrutura,

Pois que não é, decerto, uma criatura

Valente, ousada e até, talvez, covarde.

 

Enfim, maduro o homem, talvez doente,

Sente que a dor, no fundo, é consequente

E é tarde arrepender-se.  É muito tarde!

 _______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina,

 vos oferece  este soneto dos antigos.


 

 

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