D E S C E R
Francisco Miguel de Moura*
Quem conta mal-contado o que
ganhou
Em toda a juventude e meia-idade,
Olvidará detalhes, na verdade
De quantos para trás então
deixou
Sem perceber que o mundo é um
robô
Que nos encanta enquanto movimenta,
Mas irrita a criança e lhe atormenta,
Se descarrega a pilha, se
apaga, ou...
Desmantela-se em parte a
estrutura,
Pois que não é, decerto, uma
criatura
Valente, ousada e até,
talvez, covarde.
Enfim, maduro o homem, talvez
doente,
Sente que a dor, no fundo, é
consequente
E é tarde arrepender-se. É muito tarde!
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina,
vos oferece este soneto dos antigos.
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