O ar que não sai afia
o dente da poesia,
vê, reflete as cores
da paisagem... Dos amores...
A moça descora e, ai!
o velho de susto,cai.
A filha orando em zen,
o filho sofre no armazém.
O deus na lousa, um traço
oriental, a finura do dedo,
o laço e o deslaço.
Forte touro em convulsão,
a natureza é que solta...
O homem só escolta.
E eu, dentro de mim,
caolho, as janelas abro...
Meu dedo é meu olho.
Quem passa, nem passa
na linha de um verso...
E é graça ou desgraça?
A vida se cansa... Lá por fora,
o ontem já foi, o hoje demora.
A vida passa mais com trapaça
e eu, passado, não vejo a hora.
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Francisco Miguel de Moura, ficcionista e poeta brasileiro.
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