quinta-feira, 26 de março de 2020

ATITUDES LAÇOS

Francisco Miguel de Moura*

O ar que não sai afia
o dente da poesia,
vê, reflete as cores
da paisagem... Dos amores...

A moça descora e, ai!
o velho  de susto,cai.

A filha orando em zen, 
o filho sofre no armazém.

O deus na lousa, um traço
oriental, a finura do dedo,
o laço e o deslaço.

Forte touro em convulsão, 
a natureza é que solta... 
O homem só escolta.

E eu, dentro de mim, 
caolho, as janelas abro...
Meu dedo é meu olho.

Quem passa, nem passa
na linha de um verso...
 E é graça ou desgraça?

A vida se cansa... Lá por fora, 
o ontem já foi, o hoje demora.
A vida passa mais com trapaça
e eu, passado, não vejo a hora.
___________________
Francisco Miguel de Moura, ficcionista e poeta brasileiro.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...