Francisco Miguel de Moura - Marca de Excelência na Literatura Piauiense
Escritor brinda carreira brilhante e reconhecida internacionalmente
*Lucrécio Arrais
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**Francisco Miguel de Moura
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**Francisco Miguel de Moura
Em Foco - Francisco Miguel de Moura é um dos mais importantes escritores da história piauiense. Com 42 livros publicados, 1 (um) por lançar e mais de 10 (dez) títulos inéditos nos arquivos da rica biblioteca do apartamento onde mora, o escritor, nascido em Picos, no Povoado Jenipapeiro, mostra que entende de todas as letras e em vários idiomas.
Nascido no dia 16 de junho de 1933, são décadas dedicadas à produção textual. Seja em prosa ou poesia; Francisco Miguel de Moura tem uma bagagem cultural extensa, rica, em conteúdo esplendoroso e vasto. Ao lado de O. G. Rego de Carvalho, Fontes Ibiapina, Assis Brasil e tantos outros grandes nomes contemporâneos, Francisco Miguel alcançou o mais alto grau da Literatura Nacional.
Sempre atento às novidades, Francisco Miguel de Moura tem uma rotina de escrita, leitura e pesquisa diária, além da prática de exercícios físicos para “escrever livros na cabeça”, como ele mesmo define. É dono de um tino criativo e expressivo, no auge dos 85 anos, e também de uma lucidez que faz inveja a qualquer moço.
Ligado ao mundo digital, Francisco Miguel de Moura publica em blogs, acompanha as redes sociais e ainda tem tempo para ler os lançamentos dos colegas. Dentre as obras mais importantes, o primeiro título, “Areias” (1966), volumes como “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho” (1972) e “Universo das Águas” (1979). Este último recebeu boas críticas de, nada mais nada menos, Carlos Drummond de Andrade.
Aventurando a imprensa, também publicou 10 números da Revista Cirandinha, sobre literatura e crítica política. O romance “Laços de Poder” (1991) foi premiado e recebeu boas críticas do famoso romancista João Felício dos Santos. Já “Vira@gens” (2001) foi editado no Rio de Janeiro e lançado durante uma das bienais daquele Estado. Além destes, os títulos “Fortuna Crítica de Francisco Miguel de Moura" (2008), “Minha História de Picos” (2018), “Poesia (In) Completa” (2016), “Literatura do Piauí” (2013), “Dom Xicote” (2010) e “O Menino Quase Perdido” (2009) também encabeçam os destaques mais recentes do autor.
Em Foco: - São muitos títulos para citar, pois como já escrevemos, são 42 livros lançados de 1966 para cá.
Francisco Miguel de Moura: - São 42 livros, em 52 anos de carreira, o que, se bem contados, dá mais de um livro por ano, incluindo os grandes e pequenos volumes.
EF: - Quanta disposição, não é mesmo? Você sempre quis ser escritor?
FMM: Desde quando eu lia o livro “Coração de Criança”, adotado no primário, por meu pai, Miguel Guarani. Eu via aquelas estorinhas e pensava que ia fazer estórias como aquelas. Isso em 1945 ou 1946. Então, a resposta é sim.
EF: Mas, na prática, o que colocou você nos caminhos da literatura?
FMM: Na prática mesmo foi quando publiquei meu primeiro poema, em um jornal da época. Era um jornal da cidade de Picos, o "Flâmula", jornal dos estudantes. Foi o início de minha literatura.
EF: Você tem uma obra muito vasta, tanto em poesia como em prosa. Em qual formato você acredita que mais se encaixa? Qual é o mais prazeroso?
FMM: Eu tenho prazer em fazer todos, mas a poesia, claro, em primeiro lugar. Depois a crítica. Foram justamente meus dois primeiros livros: o primeiro, “Areias” (poemas) e o segundo, “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego” (ensaios).
EF: Você contou que trabalha 24 horas por dia, na literatura. Você não cansa?
FMM: Antigamente eu escrevia em qualquer hora: de dia, de noite, nas férias, nos fins de semana. Mas hoje tenho horário. Escrevo duas horas pela manhã e duas horas à tarde, uma média de quatro horas de trabalho por dia. Além disto, minha mulher, Dona Maria Mécia Morais Moura, organiza minha agenda telefônica e outras.
EF: Onde buscar inspiração?
FMM: Faço caminhada todos os dias. Durante a caminhada eu escrevo livros de cabeça, pensando... Não uso um gravador porque dá mais trabalho. Tenho uma boa memória. Publico muitos textos para jornal, assim, enquanto penso nas caminhadas. Escrevia muito para o "Diário do Povo" e depois para "O Dia". Mas já escrevi para todos.
EF: Você conviveu com autores ilustres?
FMM: Eu já tinha contato com Carlos Drummond de Andrade, Fontes Ibiapina, O. G. Rego de Carvalho e Montezuma de Carvalho, este último lá de Portugal, Lisboa. Nossa amizade, minha e de Montezuma, permaneceu por muito tempo, tanto que publiquei vários artigos em jornais portugueses, durante anos. Não nos jornais de Lisboa, porque era muito difícil. Mas em publicações da cidade do Porto e nas ilhas lusófonas (Açores), com muita prosa e poesia. Saí em uma Antologia da Língua Portuguesa, de poesias, com vários autores, inclusive brasileiros, mas a maioria de portugueses. Isso me deu visibilidade. Mantenho contato com poetas da Espanha, pois traduzo do espanhol muito bem. Da França, que também traduzo um pouco. Da Itália, dos Estados Unidos…
FMM: Eu já tinha contato com Carlos Drummond de Andrade, Fontes Ibiapina, O. G. Rego de Carvalho e Montezuma de Carvalho, este último lá de Portugal, Lisboa. Nossa amizade, minha e de Montezuma, permaneceu por muito tempo, tanto que publiquei vários artigos em jornais portugueses, durante anos. Não nos jornais de Lisboa, porque era muito difícil. Mas em publicações da cidade do Porto e nas ilhas lusófonas (Açores), com muita prosa e poesia. Saí em uma Antologia da Língua Portuguesa, de poesias, com vários autores, inclusive brasileiros, mas a maioria de portugueses. Isso me deu visibilidade. Mantenho contato com poetas da Espanha, pois traduzo do espanhol muito bem. Da França, que também traduzo um pouco. Da Itália, dos Estados Unidos…
EF: Você também trabalha como tradutor?
FMM: Sim! Continuo fazendo tradução do inglês e do espanhol. Do francês menos, mas também faço.
EF: A leitura é importante? O brasileiro tem lido cada vez menos…
FMM: Certamente. Mas a leitura é fundamental e depois disso, escrevo e reescrevo.
EF: Você tem uma carreira consolidada. Qual a dica para os novos escritores que pretendem lançar novas publicações?
FMM: É preciso acreditar no que você faz. É preciso ter paciência e fazer. E ser um divulgador de si mesmo. O. G. Rego era um divulgador dele mesmo. Aprendi muito isso com ele. Aprendi muito com ele e com o Fontes Ibiapina, que ainda era meu parente.
EF: Como foi seu convívio com O. G. Rego de Carvalho e Fontes Ibiapina?
FMM: Eu vim do interior da Bahia, como funcionário do Banco do Brasil. Hoje estou aposentado. Nessa época fui nomeado para ser Chefe da Carteira Agrícola e Industrial, que tinha crédito para agricultores e produtores. Tive contato com os baianos. Então, quando cheguei aqui, em 1964, ano da Revolução dos militares, assumi meu trabalho na Agência do Banco do Brasil, em Teresina. Pouco depois O. G. Rego chegaria, vindo do Rio de Janeiro. Éramos colegas de trabalho e vizinhos, na Rua 13 de Maio. Eu morava em frente a ele. O Fontes era mais distante, porque era juiz. Mas quando nos encontrávamos o papo era sempre bom.
EF: Falando em ditadura militar, um período tão sofrido para artistas e escritores… Você chegou a sofrer algum tipo de censura?
FMM: Fui chamado duas vezes ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para dar depoimentos. Eu era estudante e era contra a ditadura, apesar de ser moderado, por ser profissional do Banco do Brasil. Alguns colegas foram presos e me chamaram para saber o que eu sabia. Mas aquela época não era muito boa para escritores e artistas. Hoje, distante, como historiador, imagino que a revolução tenha sido um péssimo remédio.
EF: Você falou que o autor precisa se divulgar. Como captar novos leitores nesse mundo repleto de novas tecnologias?
FMM: Temos as redes sociais. No computador mesmo tenho três blogs. Meu e-mail é cheio. As pessoas me mandam muitas matérias, fico bem antenado. E sempre divulgo minhas coisas através da internet.
EF: Você tem 42 livros e certamente já prepara um novo. Como está esse processo?
FMM: Meu novo volume é sobre poesia, uma antologia com vários poetas de todos os tempos, além biografias e explicações sobre o que é um poema, o que é ser poeta. De antes de Camões até agora. Além disso, tenho mais de 10 volumes inéditos, prontos para publicação.
EF: Como escritor, certamente você lê muito. O que está na sua cabeceira?
FMM: Atualmente estou lendo, quando posso, livros editados pela Academia Piauiense de Letras, principalmente. Estou lendo também "Anatomia do Ócio", de R. Leontino Filho. Ele é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E uma seleção de contos do José Ribamar Garcia, muito bom. Este último mora no Rio de Janeiro.
____________________*Lucrécio Arrais é jornalista, mora em Teresina, trabalha para a Revista "Em Foco".
** Francisco Miguel de Moura é poeta e prosador. Ambos moram em Teresina - Piauí-Brasil.
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