domingo, 21 de janeiro de 2018

BALADA DO ESQUECIMENTO


Francisco Miguel de Moura*
                 
       
Esquece, por enquanto o mundo não te conhece,
Não há razões para abraçá-lo com tanta força.

Esquece que nasceste como milhões por dia,
Esquece quem te amou perdidamente um instante,
Pra depois esquecer-te e dizer: “para sempre”.

Esquece que te quero, mas não sei até quando,
Esquece tudo que cantaste e que o outro chorou:
Lágrimas não valem nada, nem o rosto que molha.

Senta-te no batente de tua casa e vê nascer o sol,
Quando levanta quente e forte, com força e luz.

Senta-te à tarde e vê que ele se põe no horizonte
E, ao contrário da vinda, nem te viu... Ofuscou.

Mas não te esqueças da lua quando vem cheia
Apaga tua sonolência e depois enche-te os olhos...
Com a madrugada fria, quando pela primeira vez
Bebeste um gole de tristeza, de saudade e dor,
Por aquela que te disse: “Amo-te eternamente”!...
E depois desapareceu... Morta ou viva, que importa?

Não importa: O tempo não corroe, o tempo corre
E é sempre o mesmo que te assanha a cabeleira
E sibila ao teu ouvido: - “Esquece, esquece tudo,
             Que eu não volto mais”!...

______________
*francisco miguel de moura é poeta e prosador brasileiro, mora em teresina, mas, por via de estudo ou trabalho, já  morou no rio de janeiro, em salvador, itambé e picos.  atualmente mora na capital do piauí - teresina.

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