segunda-feira, 21 de julho de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE O POETA PIAUIENSE CHICO MIGUEL


Luiz Fernandes da Silva*


Francisco Miguel de Moura, poeta e prosador de elevado mérito, por isto laureado pelo jornal “Correio de Poesia” com o título de “Embaixador da Poesia e da Cultura do Brasil”, está mais uma vez no mundo dos livros, com o seu esplêndido “50 poemas escolhidos pelo autor”, Editora Galo Branco, Rio, 2013.
Sua poesia é inovadora, nos encanta. Tem um sabor que agrada a gregos e troianos, isto é, a modernos e não modernos. Escreve sonetos maravilhosos, como poucos no Brasil de hoje. É também considerado um poeta dos melhores no verso livre, como disse o escritor e folclorista Fontes Ibiapina, quando apresentou á sociedade cultural do Piauí – “Areias”, a estreia do poeta, em 1966.
Miguel de Moura sabe medir com exatidão as palavras, numa forma harmoniosa e lírica, mesmo quando traz temas pouco usados na poesia.  Mas ele sabe fazer o milagre de poetizar tudo o que passa por suas mãos, as palavras são obedientes a ele. É o que podemos chamar de poeta fecundo e uma das vozes mais atentas que já se revelaram no nosso século, embora tenha lançado seu primeiro livro em 1966, como foi dito. Depois vieram outros e outros, cada qual mais importante.
Esse guerreiro do Estado do Piauí encanta o Brasil e boa parte do mundo aonde conseguiu chegar: Portugal, Espanha, Itália, Cuba, Coreia, Austrália e os Estados Unidos.  Ninguém melhor na poesia. A prova está nos livros que escreveu, conseguindo edições fora do seu Estado e algumas em conjunto com outros escritores, fora do Brasil. Também divulgador da poesia dos outros, participou da revista “Literatura”, editada em Brasília e depois em Fortaleza. Publicou na revista “Vozes”, de Petrópolis - RJ, no jornal “Correio do Sul”, de Varginha – MG e, fora disto, teve artigos e poemas publicados em Minas, Rio, São Paulo e Santa Catarina.
Voltando à forma de escrita do nosso estimado poeta, não esqueceremos de dizer que seu estilo é bastante flexível, recebeu influência de grandes autores como Drummond, Manuel Bandeira, Mário Faustino, especialmente do seu conterrâneo, Da Costa e Silva. E ainda de Bilac, Raimundo Correia, de Luiz de Camões, entre muitos outros, donde assimilou a sabedoria do verso e a grandeza do pensamento. Mas seu estilo é muito próprio, difícil de ser estudado. E este é um empecilho da crítica, pois, sendo um grande poeta, ainda não teve o reconhecimento que merece daqueles que fazem mestrado e doutorado nas universidades brasileiras.  Os críticos não gostam de poetas e escritores de vasta bibliografia. Preferem os que têm obra mínima como Torquato Neto, Mário Faustino, e os já falecidos.
Quem observa, encontra no poeta uma energia vital que só os privilegiados tiveram, sempre inquieto, produzindo e trabalhando sua obra, ajuntando mais riqueza e força aos seus versos. Para ele, aposentado do Banco do Brasil, hoje só existem três coisas consideradas dignas e sérias: a família, os amigos e a literatura.
A riqueza crítica do nosso poeta se concentra em centenas de artigos que os críticos, jornalistas ou não, professores ou não, escreveram sobre ele e sua obra, que juntou em dois volumes: “Fortuna crítica de Francisco Miguel de Moura”, apresentado por José Maria de Aguiar Ramos, Edições Cirandinha, Teresina, 2008, e “Um Canto de Amor à Terra e ao Homem”, editado pela Universidade Federal do Piauí, 2007, em convênio com a Academia Piauiense de Letras, na comemoração dos 90 anos dessa augusta Casa, da qual é membro-titular.
Por causa dessa riqueza crítica, onde escritores e escritoras manifestam sua singularidade e definição de poeta genuíno que é, ele, segundo me falou, está organizando sua “poesia completa”, porém com o adjetivo “incompleta” - uma seleção dos seus livros editados e de vários inéditos, com o título de “Poesia in Completa - Livros l e 2”. A razão do título é porque em 1997, quando completava 30 anos de poesia, a Fundação Cultural o Piauí publicou o primeiro volume. Agora, ele reúne os dois: o primeiro da poesia até 1997 e o segundo, da poesia até hoje, tudo junto, chegando a um volume de 730 páginas, com prefácio da poeta e Doutora em Letras, Rosidelma Fraga, da Universidade Goiás. O prefácio do primeiro livro, em 1997, foi da professora e crítica literária Nely Novaes Coelho, da Universidade de São Paulo. Lançará a seleção até janeiro de 2016, quando completa 50 anos de poesia.
Dois livros de prosa de Francisco Miguel de Moura, sucesso no Brasil inteiro, foram: “Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho” e “O Menino quase Perdido”, aquele de 1972 e este de 2009.
A verdade é que o poeta nasceu fadado ao triunfo, é certeza, e amanhã será cantado em prosa e verso, como são os formidáveis poetas de sua terra: Da Costa e Silva, Mário Faustino, H. Dobal e Torquato Neto.
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*Luiz Fernandes da Silva, formado em Administração e Psicologia, pela Universidade Federal da Paraíba. Poeta, jornalista e divulgador da poesia brasileira. Edita e distribui o jornal alternativo “Correio de Poesia”, João Pessoa - PB.

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