quinta-feira, 4 de julho de 2013

I - UM POUCO DE EDUCAÇÃO FAZ BEM



Francisco Miguel de Moura
Escritor 
Membro da Academia Piauiense de Letras
        
Ao começar esta matéria, tenho em mente uma proposta educacional para o Brasil, na esperança de que seja razoável, satisfatória e sustentável, devendo substituir quase tudo do que aí está posto como educação. Não me venha nenhum governo ou participante dele dizer que não há suporte econômico-financeiro para bancá-la. Mas deixarei para explicitá-la no fecho, depois de meditada, medida e confirmada em minhas convicções e acredito que na dos leitores. 

Comecemos a falar do nosso momento mais momentoso: as passeatas e os protestos de rua. Durante a explosão dos movimentos de rua em favor do “passe livre”, em todos os recantos do Brasil, os quais no momento em que escrevo esta matéria ainda continuam e parece que continuarão por mais tempo, um luminar da Academia Piauiense de Letras me veio com o argumento simples, para não dizer simplório, de que “o Brasil não tem jeito, por essa razão é impossível acabar com o sistema de bolsas’”. Traduzi seu pensamento, perguntando: - Essas esmolas que o governo distribui aos famintos, sem escola, sem saúde, sem segurança? É a isto que chamaria de “sistema de bolsas”?  

O sistema de bolsas, nem por isto pode ser poupado quem o criou, seja com que propósito, de Fernando Henrique, passando por Lula e chegando a Dilma.  O “sistema de bolsa” e as próprias “bolsas” são temporários, devem acabar um dia, e o Brasil tem jeito sim, sem “ele” (sistema), sem “elas” (bolsas) e sem muita coisa que há ou que deixou de existir por aí. O Brasil tem jeito, mas é preciso ir com bem jeito, sabendo onde deve pisar, onde e como deve gastar os bilhões que arrecada de impostos e taxas, encargos que, de tão pesados, já emperraram a indústria, a agropecuária e o comércio, enfim todos os setores e entidades produtivas e reprodutivas do Brasil. Um programa para que o Brasil ande pra frente, e direito, ética e moralmente, não pode correr, deve ser sustentado por mais de um geração. E começa com a educação. Todo governo que investe na educação, no futuro sentirá a distribuição de renda tornar-se mais eficiente. Aliás, um dos novos e mais importantes Presidentes do Chile, do qual a memória não me guardou o nome - país que tem dado de palmatória em todos os seus vizinhos sul-americanos, disse numa entrevista à revista VEJA (páginas amarelas): – “MODERNAMENTE, NÃO EXISTE OUTRO MEIO DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, SENÃO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO”. Segundo este princípio, no qual eu acredito, o Brasil perdeu-se a partir do momento em que esqueceu de cuidar da educação de suas crianças e jovens - seus futuros cidadãos: empreendedores, governantes, legisladores, juízes, professores, engenheiros, médicos, dentistas e os diversos profissionais de nível superior. E isto se deu a partir das crianças (escola maternal), chegando à superior (universidades). O Estado entregou tudo, ou quase tudo, à escola particular, que virou empresa, empresa capitalista das mais ávidas de lucro. Deixou a escola pública às baratas e aos ratos. Assim, elas vêm definhando assustadoramente, de forma que não seria tão inverdade se disséssemos que o Brasil não possui escolas públicas. Algumas universidades públicas, sim. Mas aí a história se complica mais. Noutro artigo trataremos disto.
  
Ratos em toda parte, ladrões soltos que não acabam mais, a bandidagem e os grandes traficantes de droga tomando conta de tudo e até cunhando frases com aquela: “ESTÁ TUDO DOMINADO”.  E os governos olhando de longe e às vezes até achando graça da desgraça do povo. A doença da sem-vergonhice passa de um pra outro, pega como praga. E pegou e pregou-se rapidamente à vida pública, da qual os nossos dirigentes, de ponta a ponta, são os responsáveis, eles próprios praticando às maiores barbaridades a olho nu, sem dó nem medo. Que irresponsáveis, para dizer pouco! 

Mas alguém que gosta de resolver as coisas com uma pitada de palavras, ou seja, no discurso, diz:
- É a falta de aptidão do brasileiro para a gestão, há falta nos setores assim e assado, tanto na área privada quanto na pública.

Como não tenho com quem falar, fico a mim mesmo me perguntando: Essa falta de aptidão para a gestão, se ela existe, não seria também por falta da instrução e da educação, não seria por falta de pais conscientes que colocassem seus filhos em boas escolas, que escolhessem melhor seus representantes, que não se vendessem por nada, nada deste mundo? Não será a mesma falta de escola a causadora da má qualidade e pouco vigor dos empreendimentos?  Por que não dar boas oportunidades a essas pessoas para dirigir ou serem dirigidas, através da vivência moral e ética da escola bem aparelhada, do estudo e da técnica, do estudo e da prática? Há um pensamento, se não me engano de um filósofo chinês que estabelece: “PARA APRENDER A MANDAR TEM QUE PRIMEIRO APRENDER A OBEDECER”.

Observemos bem: Nas escolas de hoje ninguém obedece a ninguém, o professor não é considerado chefe e ninguém o escuta, senão para dirigir-lhe desaforos, fazer perguntas imorais, etc. – sejam os mestres homens ou mulheres – e depois sair fazendo bagunça, com a certeza de que não terá castigo, não será reprovado, e o que mais vem?  O “bulling”.


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