quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CIRANDA DA VIDA E DA MORTE


Francisco Miguel de Moura*



A flor nasce do lixo,
Da flor nasce o fruto;
O homem come o fruto,
O homem e o bicho.

O homem vira bicho
Não só um: – milhões.
Não tem alternativa:
Se come, vive o homem,
Se mata, morre o bicho.

O homem é um bicho
Estranhamente, e lixo:
Mata, come, e os restos.
São terra, homem e bicho.

Homem, morte e lixo,
Montam o mesmo cavalo,
Da ciranda da vida,
Da ciranda da morte:
Flor, fruto, homem, bicho.

Paremos agora e aqui,
Silêncio, ciranda cumprida!
Ou então, homem hominídio,
Até quando continuarás,
Entre flores, um bicho? 
___________________________
*Francisco Miguel de Moura: poeta de todo dia A poesia é a beleza que está em nossas mãos e em nossos olhos. Ou melhor, em todos os sentidos. Pele contra pele também. Viver e amar. Boa gente não maltrata a poesia.

2 comentários:

CHIICO MIGUEL disse...

Como é que um poema destes ninguém leu,ninguém viu,ninguém...irritou-se.Vou publicá-lo noutro blog, noutro site, até que um dia uma criatura o leia.
Francisco Miugel de Moura

CHIICO MIGUEL disse...

ACarlos escreveu:

"Excelente poema, amigo Chico! Universal, na medida. Nada a tirar, nada a acrescentar. Afinal, você é o craque. "... Até quando continuarás, / entre flores, um bicho?" Dá vontade de responder: Até que todos os homens virem flores. Ou, melhor ainda, uma só flor. Valeu, Chico! Forte abraço! Parabéns pela ótima criação. Antônio Carlos." São Luís-MA, ontem 17-12-2012

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