quarta-feira, 22 de outubro de 2008

TODOS OS DIAS, TODOS OS RIOS


Francisco Miguel de Moura*


Aproxima-se o “Dia do Rio”, comemorado em 24 de novembro, data instituída pela Lei Estadual nº 11.275, de 21.12.1995, pelo Governo do Estado do Paraná. “Dia dos Rios” é que deveria ser, e sancionada por lei nacional para integrar o Código de Leis Ambientais. Mas o Congresso está mais voltado para “mensalões”, eleições e outras novidades do gênero. De toda forma, já é um grande passo. Diz o “sítio” onde peguei a notícia da lei que a data tem por fim fiscalizar a qualidade da água e apresentar soluções para sua preservação natural e melhora, porque água é vida. Todos os dias devia ser “Dia dos Rios”.

Depois que o mundo se tornou quase totalmente urbano, os rios foram sendo destruídos passo a passo, transformados em esgotos, principalmente aqueles em cujas margens se fundaram grandes cidades.

Falemos, então, um pouco de nossa cidade, Teresina, Capital do Piauí, que é uma mesopotâmia: entre os rios Parnaíba e Poti. O primeiro é o maior rio da região Nordeste Ocidental, rio cantado pelo grande poeta Da Costa e Silva. Ambos são nosso orgulho. Choremos cedo, pois, se muitas e grandes providências urgentes não forem tomadas nossos netos e bisnetos não o verão mais como rio. Sua morte está selada. O homem moderno é um incrível assassino de rios, entre outros assassinatos. Com relação ao Poti, afluente do ainda grande rio Parnaíba, que podemos dizer? Virou esgoto. Não temos água, é lama. Na estação das chuvas ainda corre. No verão, cria uma capa de plantas aquáticas sobre o leito, sufocando os poucos peixes que sobrevivem. A febre imobiliária e a industrialização sem o devido planejamento, especialmente o tratamento das águas usadas, vão acabar com o Poti e o Parnaíba mais cedo do que supõe nossa expectativa.
É incrível, mas ainda há gente, advogados até, defendendo as causas de moradores que vivem dentro da faixa de proteção ambiental dos rios (a mata ciliar que deve ser preservada a todo custo). Ora, esses proprietários têm direito, sim, mas a serem indenizados e postos pra fora urgentemente. Ficar ali queimando a mata, cortando árvores, jogando detritos (mesmo que em pequena quantidade) nos rios é que não pode. É absolutamente necessário que o Prefeito e o Governador se unam em torno da questão ambiental – que é uma questão de vida ou morte.

Os rios morrem todos os dias. E também morrem aqueles onde foram construídos açudes e barragens, sem deixar os necessários escoamentos, sangradouros, comportas etc. Por outro lado, dependendo da região e do clima, os açudes secam; os rios, naturalmente, não. Salvo em casos muito raros, nos lugares onde há desertificação ou desertos já formados.

* Francisco Miguel de Moura – Escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina-PI

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