Francisco Miguel de Moura*
Olhos não vêem outros olhos alegres
como os meus, neste verão quase outonal.
A paisagem nos olha.
Borboletas de asas coloridas:
O roxo e o amarelo dos ipês
selvagens da cidade,
exuberantes, rápidos, beijam
o tapete por onde avançam.
Tudo conversa com meus passos
suspensos, passos e pensares,
não precisamos saber das estações.
Uma flor vale por todas,
no entanto aquela multidão...
E todas, quanto valem?
À paisagem feita nós amamos:
- Nuvens a cair de chuva e raio,
chuva a desmontar o vento,
vento a inventar mandingas.
Algum espéculo, em nosso rosto,
morderá nossa fantasia tão pressaga,
enquanto a paisagem nos olha.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina - Piauí
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