quarta-feira, 26 de março de 2008

I - EU SOU BIPOLAR, E DAÍ?

eu sou bip olar olar bip sou eu


Eu sou bipolar igual à cerca de 2% da população mundial, isto levando-se em conta apenas a parte dos que são portadores do distúrbio em grau elevado – os doentes. E daí? Os que apenas têm surtos temporários?

A tristeza e a apatia se tornam a forma de muitos de nós, pessoas que vivemos o mundo pelo lado negativo, tudo cinza como se fôssemos daltônicos. E por quê? Ora, a tristeza é o modo de ser do ho

mem, único animal que sabe que vai morrer, ainda que não possa precisar o dia. Na sua fase mais pessimista, o poeta Hardi Filho escreveu que “A vida é triste da raiz ao fruto / Aqui na terra, onde se vive no erro, Onde o homem bruto mata o seu bezerro/ E vem a morte e mata esse homem bruto.”

Mas a verdade é que bipolaridade é uma doença. Não se sabe bem se de origem física ou mental, se adquirida ou genética; certo é que medicamentos são aplicados pela medicina, em conjunto com medidas de profilaxia social, como o trabalho (principalmente em grupo), a meditação, a oração, a leitura de bons livros, etc. Ou seja, deve ser tratada com seu antídoto: humor, coisas agradáveis (nada de muita solidão) e estímulos outros para ajudar o paciente a recuperar sua auto-estima.

A depressão grave predispõe a pessoa a outras doenças graves, por isto não se deve descuidar dela. Saber sair das crises, ileso. Não deixar prolongar as novas quedas. É difícil porque ela é traiçoeira. Mas quando você se lembra de que passou algum tempo na vida sem sentir gosto pra nada: comida, bebida sexo; sem vontade de sair à rua, sucumbindo em bobagens negativas... E tem consciência de que isto não é normal, pronto. Você vai à busca de todas as suas forças, tomando remédio, conversando com os familiares e amigos, expondo a situação, lendo livros bons, assistindo a filmes positivos (sem ficar totalmente ocioso). Vai à busca de alimentação melhor, sem deixar a insônia instalar-se (nem a depressiva sonolência). Esse é o caminho.

Eu sou um depressivo crônico, já sofri muitas crises graves, mas aprendi como evitar, com alimentação e medicamentos moderados, trabalho intelectual e material, também leves, divertimentos, etc. Sim, sou um bipolar, e daí? Sou escritor e não estou sozinho, muitos foram assim. Antero de Quental e Fernando Pessoa, pra começar com grandes poetas da nossa língua, eram maníaco-depressivos: – Outrora, na antiguidade, o nome do distúrbio era melancolia; depois trocaram para PMD (psicose maníaco-depressiva). Modernamente tem o apelido de TB (transtorno bipolar).

Desde Aristóteles, não foi respondida a pergunta: Existe alguma relação entre o portador de melancolia, mania depressiva ou bipolaridade e a criatividade de homens de gênio – escritores, filósofos, cientistas e artistas?

Balzac, Hemingway, Virgínia Woolf, Hans Cristian Andersen, F.Scott Fitzgerald, Gógol, Graham Green, Ibsen, Edvard Munch, Joseph Conrad, Herman Melville, Emily Dickinson, Florbela Espanca, Mary Shelley e Robert Stevenson já foram enquadrados na categoria da bipolaridade. Assim, tenho consciência de que estou em boa companhia. Mas não é mole viver com esse distúrbio. Ele faz a gente sofrer muito e ninguém sabe.

As pessoas nos dizem: “Ah! Você não apresenta nada de doente, você é normal”.

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Francisco Miguel de Moura – Membro da Academia Piauiense de Letras, escritor brasileiro, mora em Teresina, Piauí.

8 comentários:

Anônimo disse...

Antes de mais nada... tenho de dizer que o admiro! conheço um pouco dessa tristeza que se abate sobre nós por vezes... não tenho disturbio bipolar mas tenho o meu pai e a minha irmã com essa condição... Não é fácil para eles, eu tento ajudar mas por vezes perco as forças.
A minha irmã é um caso mais grave, tem 26 anos, está numa fase bastante depressiva á pelo menos 2 anos... nada que eu faça parece ajudar. Vejo no olhar dela, aquela tristeza que parece não ter fim, é terrivel...
Quero-lhe deixar um abraço.

Pat

Anônimo disse...

Olá, Tb sou bipolar. As x com orgulho disso outras x com mta mágoa e raiva. Descobri que não posso levar a vida que queria, mas tento ao máximo me adaptar as condições. Tb me sinto um pouco abatida, mas os que vão ajudando dão-me forças para continuar. Muita força e coragem é o q também desejo para si, e não se esqueça nunca, quando estamos capazes somos "mentes brilhantes" :-) Bjo
Pat revi no seu comentário o meu irmão há tempos atrás. Por meu irmão e por minha mãe deixei q me internassem e não me matei, embora as x parece que so lhes causo é dor.

Anônimo disse...

OLÁ FRANCISCO.
TAMBÉM FUI DIAGNOSTICADA COM ESSE TRANSTORNO.
ÀS VEZES ESTOU EXPLODINDO DE TANTA FELICIDADE. OUTRAS...ESTOU EXAUSTA E MUITO TRISTE!
MINHAS ALEGRIAS E MINHAS TRISTEZAS VÃO E VÊEM COMO AS ONDAS DO MAR!
VEJA MEU POEMA BIPOLARIDADE.

Anônimo disse...

Também sou bipolar, mas nao tenho o apoio da família. apenas de minha companheira de 10 anos, o que faz com que ela fique sobrecarregada e estressada às vezes, com meus altos e baixos. Porqur será que os que nos acompanham preferem os períodos de depressao? Até minha psiquiatra acha isso. Os períodos de euforia sao tao bons para mim. Viva o Alto astral.

Anônimo disse...

Sou bipolar tipo 1, e já sofri muito com esta doença, que é muito traiçoeira e para mim trouxe muitas perdas, tanto no âmbito profissonal quanto no de relacionamentos de amizades, com familiares e até mesmo com ex-namorados, os primeiros sintomas apareceram eu tinha treze anos, e foi um misto de depressão e hipomania, mas como não fui medicada, as crises sempre voltavam com espaçamento entre 3 à quatro anos, cheguei a ser internada duas vezes, passei por muitos vexames, pelas fases psicóticas, em que eu pensava que podia tudo, somente há três anos pude ser devidamente diagnosticada emedicada e nunca mais tive nehum sintoma da doença Graças a Deus, mas tenho muito medo, de passar por tudo que já passei, as pessoas que te veem em crise nunca mais esquecem e te taxam de loucas não importa se agora você leva uma vida normal, se trabalha, sempre há o preconceito....

Nós bipolares temos que matar muitos leões para sobreviver e um deles sem dúvida se chama "PRECONCEITO"

Aqui vai o meu carinho à todos que como eu lutam todos os dias para que não venham mais a sentir os sintomas indesejados da doença !

Andreia disse...

Ola a todos ,vou contar parte de minha historia.
Nasci linda segundo minha mae ,des de muito pequena entendia mais da vida q as outras crianças nao brincava como criança normal nunca andei de bicicleta nem subi em árvors, inves disso preferia a companhia de pessoas muito mais velhas ,os meus contadores de historias , com as quias chorava e ria com muita intensidade.
aos 15 anos descobri q as pessoas mentem e enganam por pura mesquinhez .entao comecei achar que Deus errou comigo nao poderia ter me jogado nesse mundo que eu na minha inocencia e bondade com todos nao pudia entender o porque da vingança , dai a primeira tentativa de suicidio.
minha adolescencia foi muito intensa cheia de´paixoes arrebatadoras ,drogas e as vezes promiscuidade, por ser uma garota muito sensual , nem tão bonita mas sim de uma sensialidae magnetica . Com varios epsodios de depressão alguns q duravam minutos outros meses .sempre começava algo nos estudos trabalho , mas nunca concluia .Claro que com isso vinha a cobrança dos familiares e da sociedade
Mas qdo resolvia fazer algo era sempre brilhante e supreendia a todos pela facilidade em aprender , guardar informações e a criatividade incrivel.
porém tudo acabava da mesnma forma chorando por horas com os olhos fixos em um ponto , quem olhavva dizia parece q ela nao esta ali , não faz um jesto sequer , apenas as lagrimas caem sem parar .Nao tinham a menor ideia do que
se passava dentro de mim .
A extema melancolia a dor insuportável latente constante por estar viva.
por estar num mundo onde todos são atores , usam mascaras . Choram escondido . Tem medo de se entregar a vida
me casei tive filhos dois com o homem q achei ser o unico homem bom da terra Que Deus o havia reservado para mim.
Esse homem se revelou um psicopata , sofri violência
domestica durante mais de dez anos.
Em meio a muitas crises de mania q eu chamo de minha felicidade interior , que adormece mais nao morre .fui diagnosticada, bipolar a uns 3 anos . Quando consegui me livrar dessa relaçao conturbada , mas q como tudo na vida mergulhei de cabeça, e achei q seria eterna.
Mas como tudo na minmha vida e´intenso e eu não tenho medo de mergulhar de cabeça.
Hoje tenho apenas uma opnião sobre bipolaridae . Sou assim faz parte de mim da minha personalidade . Digo ao meu melhor amigo qdo entro em depressao : _ Não fique triste nao depende de nada em volta sou assim faz parete de mim , mas sei que vai passar , tudo tem sua hora .Em mim tem as horas de extrema felicidade e as de extema melancolia . De louca fui chamada a vida toda ,os q falavam por brincadeira nao sabiam o que diziam .mas esse foi o elogio que mais ouvi na vida .
entao que eu seja louca.
Mas sou apenas eu essa que vai de 0 a 100 em segundos ,
e sou feliz assim .Hoje com minha melancolia . Amanha não sei ... Mas com uma certeza , não tenho uma doença , mas sim tenho sentimentos muito mais intensos que os da maioria das pessoas .Sou mais intensa . Mais sensivel Só isso . Hoje amo o mundo e nao penso em morrer e encaro meus epsodios de mania ou depressao como parte de mim .simplesmente assim ...

Juciara disse...

Oi, Andreia meu nome é Juciara,e a sua história é muito perecida com a minha, Fiquei feliz em saber,apesar das dificuldades.E isso ai, vamos em frente,lutando a cada dia e vivendo a cada dia.Sendo verdadeira e autenticas se é que podemos ser assim.Mas ao menos fomos,somos e não negamos.Meu email é juciarapinheiro@hotmail.com,gostaria muito de me comunicar com os que desejam conversar sobre as nossas dificuldades.
Obrigado a todos pela coragem.
EU ESTOU BIPOLAR E Daí.AMEI!!!

Tatiane,às vezes... disse...

Juciara te add no meu msn. lucysd@live.com Também sou bipolar e queria trocar experiencias. Bjusss...

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