SÓ ME CANSO DE MIM
Francisco Miguel de
Moura*
Só me canso de mim quando
repito
Um amor sem amor, grande ou
pequeno:
Quando por repetir sou mais
sereno
Do que o pulsar de uma paixão
sem grito.
Só me canso de mim se sou
pequeno
Quando a ação mais sentida
não repito,
E, em lugar de mil berros,
nem um grito,
E ao invés de severo sou
sereno.
Só me canso de mim quando me
cito
Em vez de grandes, poderosos
mestres,
Para que noutro ouvido seja
atrito.
Só me canso em saber que sou
terreno...
Só me canso em saber, entre
os terrestres,
Que sou deus, mas um deus
muito pequeno.
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*Francisco Miguel de
Moura, poeta brasileiro.
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