sexta-feira, 13 de junho de 2025

 

A CADA DIA...

            Francisco Miguel de Moura*

 

A cada dia a gente é um desafio

          à grande noite e vai sonhando o mundo

          sem tempo... A gente vai chegando ao fundo

          da gente mesmo! E o cheio está vazio.

 

          A cada dia a esfinge fere o fio

          do medo, da avareza... E, de segundo

          a segundo, o buraco é mais profundo

          das coisas que passaram como um rio.

 

          A cada dia a gente se amargura

          com o futuro mais perto. Uma loucura!

          E então desabam as tristezas de antes.

 

          E a cada dia a gente é tão pequeno,

          que o próprio doce é mais do que veneno

          pois já morreram todos os amantes.

 

           _____________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, com penetração em Portugal, Espanha e França, onde tem publicado, com frequência, seus poemas na imprensa.

terça-feira, 27 de maio de 2025


 

DILEMA

 

         Francisco Miguel de Moura*

 

Um sentimento estranho me desperta,

agora, que partiste pra tão longe,

e eu cá, neste mosteiro, feito um monge

que se queria um sábio e não poeta...

 

Mais não tive que um sonho de profeta,

mesmo assim não previ que ias mais longe,

a fingir-te de amada... E, eu, de monge,

sem conseguir sonhar com a alma aberta.

 

Assim, fingindo amor a vida inteira,

amor que começou por brincadeira

e agora quer sumir tão de repente...

 

Não sei se vou ficar no meu avesso,

mentindo que te quero, no regresso,

ou se morro de dor completamente.

 

                           Teresina, Nov/2009

_____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

segunda-feira, 26 de maio de 2025

 


DIA DO ABRAÇO

            Francisco Miguel de Moura*

 

Hoje, Dia do Abraço, eu, brasileiro,

Fujo à regra e me esqueço do abraço,

Pegando a moda que há no mundo inteiro,

sem liberdade e amor, vou passo a passo.   

 

Por isto, esqueço o Fontes Ibiapina

Daquele abraço seu de “meia-légua”,

Para afirmar, enfim, velha doutrina

De amizade feliz, amor sem trégua.

 

E é por lembrar a “gripe dezenove”,

Até que alguém me diga (e que me prove)

Que ela não mais existe em seu horror.

 

Se alguém tenta abraçar-me, fico longe,

Procuro reservar-me qual um monge,

Que abençoa os amigos sem temor.

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                         Teresina, PI, 22.05.2022.

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

quinta-feira, 22 de maio de 2025

 

O JORNAL E O JORNALISTA

           Francisco Miguel de Moura*

 

A notícia é o jornal de cada dia

Que aquece a mente e o dia fica vivo.

Espanta quando o fato é negativo,

Mas quando é bom, traz luz e alegria.

 

Jornalista é aquele que mais busca

A notícia presente e a acumplicia,

Todo aquele que a encontra e não vicia,

Traz a notícia viva e nada ofusca.

 

Jornalista jamais terá partido,

Seu partido é a verdade verdadeira,

Senão, nenhum jornal terá sentido,

 

Quem não se vende e nunca perde a pista

Confere com os que sofrem na trincheira

Pra não tornar-se um simples “jornazista.”

 

                    Teresina-PI, 07-o4-2025

                         Dia do Jornalista

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 


DIA DO LIVRO - SONETO

                Francisco Miguel de Moura*

 

Dia do livro é um dia tão brilhante

Como o sol do saber pra humanidade

Pois a Bíblia, o primeiro, é um gigante

Que os demais são seus filhos sem vaidade.

 

Mas não basta exaltá-los, na verdade,

Pois precisam ser lidos com o fervor

Que vem de dentro, agrade ou não agrade,

Para encontrar o saber ainda em flor.

 

Eis que o leitor, abrindo-o, é quem se abre

À luz perene, ao corte do seu sabre,

Para que a vida se encha de vigor.

 

A paixão da leitura é pela paz,

Leva a força que vence e que é capaz

Pela esperança que conduz o amor.

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 


PARA O DIA DAS MÃES

                   Francisco Miguel de Moura*

 

Minha querida mãe Dona Zefinha,

Doce no amor e brava no castigo,

Com o chinelo na mão (hoje nem ligo)

Por ser mãe, ser bondosa e por ser minha.

 

À sua sombra, eu fui muito mimado,

Sem ela, o mundo me aborreceria,

Pois pobre e feio... Assim, onde alegria?

Mesmo assim, eu cresci bem humorado.

 

Minha mãe, você era tão bonita,

Os seus vestidos de algodão ou chita

Alegravam meus olhos, noite e dia.

 

Os seus olhos castanhos, com ternura,

Eram pra mim um céu. Quanta ventura,

A vida inteira, eis tudo o que eu queria.

                             

                                        The, PI, mai.2025

___________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

segunda-feira, 19 de maio de 2025


 

REDES “SOCIAIS”

                    Francisco Miguel de Moura*

 

 Nas redes sociais, quem encontramos?

Tanta gente sem rumo e, por incauta,

Os de dentro, os de fora e os sem pauta

Pra debater o mal que não sonhamos.

 

Mas é duro saber se a vida é morte

Porque bichos e objetos, francamente

Falam cantando e mortos viram gente

Voam, sonham, e o fraco vira forte.

 

As tais redes sociais confundem tudo,

O direito é o torto e, qual o entrudo,

Encarceram o tolo e o incapaz,

 

Em mentiras e engodos... Arapuca

Que deixa a vida besta e mais maluca...

Em verdade são redes “sucias.” 

__________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

 


                       PAULO NUNES, O CRÍTICO LITERÁRIO

                                                                Francisco Miguel de Moura

          Mestre Manoel Paulo Nunes, em suas conversas, de vez em quando lembrava o crítico literário Álvaro Lins (1912-1979).  É que Álvaro Lins representou a força crítico daquela época, ou seja, dos anos 1950/1980, quando era bastante lido pelos escritores. E eu devo dizer que me incluo entre seus leitores. Paulo Nunes, quando se referia a ele, o indicava com muita simpatia pelo espírito de crítico aberto e agradável ao tecer suas considerações sobre os autores e suas obras. Daí, então, a forma maneirosa e sapiente de Álvaro Lins, creio eu, tenha invadido a alma do Prof. Manoel Paulo Nunes.  

          Possivelmente, acredito eu que o leitor Paulo Nunes integrou-se àquela forma de lidar com os livros e seus autores. Um estilo simples, leve e atencioso que passou a ser chamada de “impressionista”, ao contrário da crítica pesada, mais profunda, denominada por nós de “expressionista”, a qual só mais tarde entraria em peso com a chegada e aprofundamento dos estudos universitários.

          Dito isto, sem sombra de dúvida, “Modernismo & Vanguarda”, de Paulo Nunes, está enquadrado nesse tipo de crítica que se convencionou chamar de “impressionista”, ao contrário da “expressionista”, porque voltada mais para obra do que para o autor.  Não que esse tipo de classificação da crítica literária seja excelente, mas era o que existia até então. Por outro lado, permito-me dizer que, ao ler artigos de crítica impressionista, sempre me vem à mente, a cada texto, como se próximos ao estilo da “crônica”, enquanto a crítica expressionista se aproxima bastante do que podemos chamar francamente de “ensaio.”

          Mas, classificação à parte, o que interessa aos escritores e não aos leitores, mais importante é que Paulo Nunes foi um exímio comunicador  por seus textos tão exatos e que são lidos com grande satisfação pelo estilo, pelas verdades que mostra de seus criticados. A ele podemos aplicar, com justiça, a fama de um estilista versátil da língua que tanto amou como professor, orador e mestre.

          “Modernismo & Vanguarda” foi  louvado  por muitos escritores antes de mim, por isto mesmo é que passo a tecer algumas palavras  sobre o homem de cultura, mestre reconhecidamente, e mais valorizado ainda por saber escolher para junto dos seus projetos culturais as pessoas mais aptas e mais inteligentes, um sábio condutor de gente de cultura como foi no caso da Presidência do Conselho Estadual de Cultura do Piauí (de modo especial, na editoria da “Revista Presença”, de muitas edições importantíssimas sob sua direção, levando ao Brasil e ao mundo a cultura do nosso Estado). Confirmo tudo isto porque, a seu lado, tanto no Conselho Estadual de Cultura, quanto na Presidência da Academia Piauiense de Letras, o assisti de várias formas e em vários momentos, com muita alegria, apoiando sempre suas iniciativas necessárias e aceitas de forma brilhante.

          Assim, posso afirmar, com todas as letras, que Paulo Nunes foi um ótimo crítico literário, fazendo o melhor de si para mostrar, na literatura, quais os autores que devemos ler e comentar sempre, como patrimônio da arte das Letras, em todos os tempos. É só ler sua última obra “Modernismo & Vanguarda”, a qual teve sua segunda edição pela Academia Piauiense de Letras, em 2017.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta e crítico brasileiro, residente em Teresina, Piauí.

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